Alimentação é aliada na prevenção e no tratamento do câncer
Dieta rica em alimentos anti-inflamatórios e antioxidantes ajuda a reduzir o risco de complicações, antes e depois de um diagnóstico

O desenvolvimento de um câncer está relacionado a fatores genéticos, que fogem ao controle dos pacientes, e ambientais – nome dado às condições externas ao nosso corpo, que podem ser modificadas na busca por redução de riscos. Nesse segundo grupo, a alimentação é um ponto que merece atenção redobrada, seja como prevenção ou já durante o tratamento de um tumor.

Vários estudos têm demonstrado que dietas que favorecem a inflamação do organismo estão associadas a uma chance maior de desenvolver cânceres. A obesidade também aumenta a propensão a ter um tumor maligno. Há evidências robustas associando os seguintes alimentos e bebidas a esse tipo de problema:

  • Alimentos ricos em substâncias como açúcar adicionado, sódio e gorduras saturadas (tipicamente encontrados em produtos industrializados ultraprocessados). O açúcar adicionado está presente em alimentos processados de sabor doce, mas também pode aparecer de forma menos evidente em pães industrializados, por exemplo. Uma dieta com esses itens aumenta as chances de problemas como obesidade, colesterol elevado e hipertensão, que não só contribuem para uma maior propensão ao câncer como também prejudicam a saúde em geral frente a outras complicações potencialmente fatais, como as doenças cardiovasculares;
  • Carne vermelha. Em geral, a recomendação é não consumir mais de 500 gramas por semana, substituindo-a por outras proteínas;
  • Bebidas alcoólicas. O álcool em qualquer quantidade aumenta as chances de desenvolver todos os tipos de câncer, com destaque para o de fígado, o colorretal, o de boca e o de esôfago. Além disso, ele promove alterações na microbiota intestinal, o que pode afetar o funcionamento do sistema imune e a proteção contra processos inflamatórios.

Por outro lado, dietas anti-inflamatórias e antioxidantes são aliadas de uma vida mais saudável. Adicione frutas, vegetais, grãos integrais, peixe e gorduras “boas” como o azeite de oliva em sua rotina

Inclua em sua dieta:

  • Proteínas magras. É importante seguir consumindo um número adequado de proteínas mesmo com a redução da carne vermelha. Substituí-la por peixes, frango ou alimentos de origem vegetal com proteína (como soja e lentilha) contribuem para reduzir as chances de desenvolver um câncer, demonstram os estudos;
  • Fibras. Frutas, vegetais, grãos e leguminosas integrais são boas fontes de fibras, um nutriente importante para regular o funcionamento gastrointestinal, a sensação de saciedade, controlar o colesterol e os níveis de açúcar no sangue – e reduzir a propensão à obesidade. Todos esses fatores contribuem para a redução do risco de câncer, especialmente aqueles relacionados ao trato gastrointestinal, como o câncer colorretal.

As propriedades antioxidantes são especialmente benéficas porque ajudam a controlar o excesso de radicais livres no organismo. Essas moléculas existem no corpo como resultado da queima de oxigênio para converter nutrientes em energia.

Embora elas sejam parte de um processo natural e enzimas existentes no corpo ajudem a combatê-las, sua presença exagerada pode sobrecarregar o organismo, danificando células e o DNA – e levando a uma maior chance de ter diferentes tipos de câncer.

Além disso, frutas e vegetais, associados a uma boa hidratação, contribuem para garantir uma ingestão adequada de fibras. Responsável pela saúde intestinal, esse nutriente ajuda a evitar quadros de prisão de ventre, o que oferece um nível de proteção a mais contra cânceres do trato gastrointestinal, especialmente o câncer colorretal.

Já na fase de tratamento, as fibras são importantes para reduzir a incidência de constipação, um efeito colateral recorrente em tratamentos como a quimioterapia.

É importante ressaltar que nenhum alimento, por si só, será responsável por prevenir ou tratar um quadro de câncer.

Não se engane por promessas tipicamente encontradas na internet! Toda adequação de hábitos alimentares é bem-vinda, mas para obter o máximo de impactos positivos é preciso associar a comida saudável a uma rotina mais ativa e evitar outros hábitos nocivos à saúde, como o consumo exagerado de álcool e o cigarro.

Em suma: uma dieta saudável é aliada na prevenção do câncer e pode ajudar a melhorar a qualidade de vida após o diagnóstico, contribuindo para um tratamento bem-sucedido. Mas ela jamais pode substituir as intervenções médicas orientadas pela equipe multidisciplinar que cuida de seu caso.

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