Câncer colorretal: Entenda esta doença e como preveni-la

A crescente incidência do câncer colorretal torna essencial o conhecimento sobre esta doença que se desenvolve no intestino grosso e pode ser prevenida através de medidas adequadas de rastreamento e estilo de vida saudável.

O câncer colorretal representa uma das principais preocupações oncológicas da atualidade, afetando milhares de pessoas ao redor do mundo. Esta condição se desenvolve no intestino grosso, especificamente no cólon ou no reto, que fazem parte do sistema digestivo responsável por processar os alimentos e eliminar os resíduos do nosso organismo. Compreender os aspectos fundamentais desta doença é essencial para a prevenção e o tratamento adequado.

O intestino grosso desempenha um papel crucial na digestão, sendo responsável por absorver a água dos alimentos que consumimos e transformar os resíduos não digeríveis em fezes. Quando células malignas se desenvolvem nesta região, temos o que chamamos de câncer colorretal, uma denominação que engloba tanto o câncer de cólon quanto o câncer de reto devido às suas características similares.

Câncer Colorretal

O que é o câncer colorretal

O câncer colorretal origina-se quando células normais do cólon ou reto sofrem alterações genéticas que fazem com que cresçam de forma descontrolada. Na maioria dos casos, esta doença se desenvolve a partir de pequenos crescimentos benignos chamados pólipos, que se formam no revestimento interno do intestino grosso.

Estes pólipos são inicialmente inofensivos e raramente causam sintomas perceptíveis. No entanto, com o passar do tempo, alguns deles podem sofrer transformações e se tornar malignos. É importante destacar que nem todos os pólipos se transformam em câncer colorretal, mas a vigilância é fundamental para prevenir esta progressão.

Existem também casos em que o câncer colorretal se desenvolve diretamente na parede interna do cólon ou reto, sem a formação prévia de pólipos. Quando isso acontece, as células cancerígenas podem crescer profundamente na parede intestinal e se estender para os tecidos adiposos que envolvem estes órgãos.

À medida que a doença progride, o câncer colorretal pode se espalhar para os gânglios linfáticos próximos e, em casos mais avançados, através da corrente sanguínea para outras partes do corpo, como o fígado, pulmões ou peritônio.

Prevalência e estatísticas

O câncer colorretal apresenta números significativos em termos de incidência global. Esta condição afeta principalmente pessoas com idade superior a 50 anos, embora esteja sendo observado um aumento preocupante de casos em indivíduos mais jovens.

A faixa etária mais comumente afetada pelo câncer colorretal continua sendo a população acima dos 50 anos, razão pela qual os programas de rastreamento geralmente começam nesta idade. Contudo, o crescimento de casos em pessoas mais jovens tem chamado a atenção da comunidade médica e levado a discussões sobre a necessidade de revisar as diretrizes de prevenção.

Quando o câncer colorretal ocorre em pessoas mais jovens, frequentemente está associado a condições hereditárias específicas, como a polipose adenomatosa familiar ou o câncer colorretal hereditário não poliposo. Também podem ocorrer casos esporádicos, não relacionados à hereditariedade, em indivíduos jovens.

Sinais e sintomas do câncer colorretal

Reconhecer os sintomas do câncer colorretal pode ser desafiador, especialmente nos estágios iniciais, quando a doença frequentemente não apresenta sinais evidentes. Esta característica silenciosa da condição ressalta a importância dos exames de rastreamento regulares.

Nos estágios mais avançados, diversos sintomas podem se manifestar. Alterações persistentes no funcionamento intestinal, como diarreia ou constipação que duram várias semanas, podem ser indicativos da presença da doença. A presença de sangue nas fezes ou sangramento retal também constitui um sinal de alerta importante.

Mudanças na consistência ou no calibre das fezes podem indicar alterações no intestino. Desconforto abdominal generalizado, incluindo inchaço, sensação de plenitude, cólicas ou gases excessivos, também podem estar relacionados ao câncer colorretal.

Muitas pessoas relatam a sensação de que o intestino não se esvazia completamente após a evacuação. Cansaço constante, perda severa de apetite ou perda de peso inexplicável são sintomas que podem acompanhar casos mais avançados da doença.

É fundamental compreender que estes sintomas podem ter diversas outras causas e não necessariamente indicam a presença de câncer colorretal. No entanto, quando estes sinais persistem ou causam preocupação, é essencial buscar avaliação médica para investigação adequada.

Prevenção do câncer colorretal

A prevenção representa a estratégia mais eficaz no combate ao câncer colorretal. O rastreamento regular constitui a principal ferramenta para detectar pólipos ou a própria doença em estágios iniciais, quando as chances de tratamento bem-sucedido são significativamente maiores.

Para indivíduos sem sintomas e sem histórico familiar da doença, recomenda-se iniciar o rastreamento aos 45 anos de idade. Pessoas com histórico familiar de câncer colorretal devem considerar começar o rastreamento mais cedo, seguindo orientação médica especializada.

Os principais exames de rastreamento incluem o teste imunoquímico fecal (FIT), que deve ser realizado anualmente. Este exame detecta a presença de sangue humano nas fezes, que pode ser um sinal precoce da doença. Quando sangue é detectado, exames adicionais são necessários para confirmar a origem e determinar se há presença de câncer colorretal.

A colonoscopia representa outro pilar fundamental do rastreamento, devendo ser realizada a cada 5 a 10 anos. Durante este procedimento, o cólon e o reto são examinados usando uma câmera flexível especial inserida através do ânus. Este exame permite a remoção de pólipos pequenos e a realização de biópsias de áreas suspeitas.

Além do rastreamento regular, a adoção de um estilo de vida saudável pode contribuir significativamente para a prevenção do câncer colorretal. Uma alimentação rica em frutas, vegetais e grãos integrais, com limitação do consumo de gorduras, constitui uma estratégia preventiva importante.

O abandono do tabagismo ou a decisão de nunca começar a fumar representa outra medida preventiva crucial. A limitação do consumo de álcool e a prática regular de exercícios físicos completam o conjunto de medidas que podem reduzir o risco de desenvolver esta doença.

Causas e fatores de risco

O câncer colorretal se desenvolve quando células do cólon ou reto sofrem mutações genéticas que fazem com que cresçam descontroladamente e formem tumores. Embora a causa exata dessas mutações não seja completamente conhecida, diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da doença.

A idade avançada constitui um dos principais fatores de risco para o câncer colorretal. Embora a doença seja mais comumente diagnosticada em pessoas com 55 anos ou mais, casos em indivíduos mais jovens também podem ocorrer e têm se tornado mais frequentes.

O histórico pessoal de pólipos colorretais ou câncer colorretal anterior aumenta significativamente o risco de desenvolver novos casos da doença. Doenças inflamatórias intestinais, como colite ulcerativa ou doença de Crohn, também elevam este risco.

O histórico familiar desempenha um papel importante no desenvolvimento do câncer colorretal. Pessoas com parentes que tiveram a doença, especialmente aqueles com síndromes hereditárias como polipose adenomatosa familiar ou câncer colorretal hereditário não poliposo, apresentam maior predisposição.

O diabetes constitui outro fator de risco, pois pessoas com diabetes ou resistência à insulina têm maior probabilidade de desenvolver câncer de cólon. Fatores relacionados ao estilo de vida também influenciam significativamente o risco da doença.

Uma dieta pobre em fibras e rica em gorduras pode contribuir para o desenvolvimento do câncer colorretal. O sedentarismo, o tabagismo e o uso excessivo de álcool também são fatores que aumentam a probabilidade de desenvolver esta condição oncológica.

Diagnóstico do câncer colorretal

O diagnóstico do câncer colorretal envolve diversos exames que podem detectar pólipos, câncer ou outras anormalidades no cólon e reto. Antes de muitos destes exames, é necessário que o cólon esteja completamente limpo, e o médico pode prescrever enemas ou laxantes líquidos para garantir a precisão dos resultados.

A colonoscopia é tanto um exame de rastreamento quanto um procedimento diagnóstico. Durante este exame, o cólon e o reto são visualizados usando uma câmera flexível especial, permitindo a remoção de pólipos pequenos e a coleta de amostras de tecido de áreas suspeitas.

A colonografia por tomografia computadorizada, também conhecida como colonoscopia virtual, cria uma imagem tridimensional do cólon para revelar massas anormais. As imagens são obtidas segundos após o cólon ser inflado com dióxido de carbono através de um pequeno tubo retal.

A sigmoidoscopia flexível utiliza um instrumento tubular estreito e iluminado chamado sigmoidoscópio, que é inserido no reto permitindo ao médico examinar o reto e a parte esquerda do cólon, além de possibilitar a coleta de amostras de tecido (biópsias) de áreas anormais.

Quando o câncer colorretal é diagnosticado, o médico pode recomendar exames adicionais para determinar a extensão ou estágio da doença. Estes são geralmente exames de imagem das áreas abdominal, pélvica e torácica. Em alguns casos, a extensão completa da doença só será conhecida após a cirurgia.

Tratamento do câncer colorretal

O tratamento do câncer colorretal depende da localização, tamanho, estágio e grau da doença. Cada pessoa diagnosticada deve ser avaliada por uma equipe multidisciplinar de especialistas para determinar qual modalidade de tratamento é mais adequada para seu caso específico.

O tratamento desta condição requer o envolvimento de diferentes especialistas, incluindo cirurgiões, radiologistas intervencionistas, oncologistas clínicos, radio-oncologistas e especialistas em cuidados paliativos. 

Este cuidado multidisciplinar é essencial para garantir os melhores resultados possíveis.

Cirurgia

A cirurgia representa uma das principais modalidades de tratamento para o câncer colorretal. Dependendo do estágio da doença, existem diferentes abordagens que o cirurgião pode utilizar durante o procedimento.

Em estágios muito iniciais, o cirurgião pode remover apenas o crescimento cancerígeno ou uma parte do revestimento interno do cólon. Em estágios mais avançados, pode ser necessário remover a seção do cólon ou reto que está doente, juntamente com os gânglios linfáticos próximos para garantir a remoção adequada de todas as células cancerígenas.

A cirurgia minimamente invasiva ou laparoscópica pode ser realizada em casos selecionados, onde o cirurgião executa a operação através de várias pequenas incisões na parede abdominal. Este método tem demonstrado minimizar a dor pós-operatória e acelerar a recuperação, embora não seja adequado para todos os casos.

Durante a cirurgia, pode ser necessário criar uma abertura artificial para o cólon chamada estoma. Esta abertura permite que os resíduos sejam eliminados do corpo quando a abertura normal não pode ser usada ou precisa ser removida. O estoma pode ser temporário ou permanente.

Quimioterapia e terapia direcionada

A quimioterapia utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir células cancerígenas. O tipo de quimioterapia, como é administrada e o número de ciclos necessários dependem do tipo de câncer colorretal e da resposta do paciente aos medicamentos.

O perfil molecular do tumor é frequentemente analisado para caracterizar o câncer de cada paciente e auxiliar na seleção dos medicamentos que têm maior probabilidade de resposta. Atualmente, existem mais opções de tratamento sistêmico, incluindo terapia direcionada e imunoterapia.

Em pacientes com câncer colorretal em estágios II e III, a quimioterapia pode ser administrada após a cirurgia por até 3 a 6 meses para reduzir o risco de recorrência e aumentar as chances de sobrevivência a longo prazo.

No estágio IV, onde a doença se espalhou para outros órgãos, a quimioterapia e/ou terapia direcionada são administradas para controlar o câncer colorretal, reduzir o tumor e controlar a disseminação das células cancerígenas.

Radioterapia

A radioterapia utiliza raios-X de alta energia para destruir células cancerígenas. O objetivo é destruir o maior número possível de células cancerígenas enquanto preserva as células normais. A radioterapia pode ser usada após a cirurgia para destruir células cancerígenas remanescentes e prevenir a recorrência.

Também pode ser utilizada para reduzir o tamanho do tumor retal antes da cirurgia. Em casos em que a cirurgia não é uma opção, a radioterapia é usada para controlar o crescimento de tumores que estão causando dor ou sangramento.

Imunoterapia

A imunoterapia é um tratamento que utiliza o próprio sistema imunológico do paciente para combater o câncer colorretal. É administrada por via intravenosa e geralmente usada em casos selecionados de pacientes com instabilidade de microssatélites alta, que está frequentemente ligada a uma síndrome hereditária chamada Síndrome de Lynch.

Cuidados paliativos

Os cuidados paliativos são cuidados médicos especializados que proporcionam alívio da dor e sintomas de doenças graves, para que a pessoa com câncer colorretal se sinta melhor e tenha uma melhor qualidade de vida. A equipe de cuidados paliativos fornece uma camada adicional de apoio que complementa o cuidado contínuo.

Preparação pré-cirúrgica

Antes da cirurgia para câncer colorretal, o cirurgião realizará uma avaliação médica abrangente, incluindo exames de sangue e exames de imagem para verificar se você está apto para a cirurgia e aconselhá-lo sobre os riscos envolvidos. Esta recomendação de tratamento é frequentemente baseada no consenso de diferentes especialistas.

A equipe de anestesia também avaliará sua aptidão para a cirurgia e o aconselhará sobre vários aspectos da anestesia geral e controle da dor após a cirurgia. Enfermeiros especializados também fornecerão aconselhamento pré-cirúrgico para prepará-lo adequadamente para o procedimento.

Cuidados pós-cirúrgicos

Após a recuperação da cirurgia para câncer colorretal, você terá consultas ambulatoriais regulares para acompanhamento com sua equipe médica. Essas consultas podem incluir exames de sangue e exames de imagem para monitorar e verificar se há recorrência da doença.

É fundamental seguir as orientações médicas, manter as consultas agendadas e realizar os exames prescritos para que o tratamento adequado possa ser administrado prontamente se houver recorrência ou outros problemas relacionados ao câncer colorretal.

Aspectos hereditários

Alguns casos de câncer colorretal têm componente hereditário, particularmente aqueles associados a síndromes genéticas como a Síndrome de Lynch ou polipose adenomatosa familiar. O histórico familiar é um fator importante na avaliação do risco individual.

Pessoas com histórico familiar significativo de câncer colorretal devem discutir com seus médicos sobre a necessidade de rastreamento mais precoce e possivelmente mais frequente. Em alguns casos, pode ser recomendado aconselhamento genético para avaliar o risco hereditário.

Perspectivas e Prognóstico

O prognóstico do câncer colorretal varia significativamente dependendo do estágio em que a doença é detectada. Quando diagnosticado precocemente, especialmente quando ainda está confinado à parede intestinal, as taxas de sobrevivência são muito favoráveis.

O acompanhamento regular após o tratamento é essencial para detectar possíveis recorrências e garantir o melhor resultado a longo prazo. Com os avanços nas técnicas de diagnóstico e tratamento, as perspectivas para pessoas com câncer colorretal continuam melhorando.

A importância da prevenção através do rastreamento regular não pode ser subestimada. A detecção e remoção de pólipos antes que se tornem cancerígenos representa uma das estratégias mais eficazes para prevenir esta doença e salvar vidas.

Oncologista em São Paulo - Dr. Hugo Tanaka

Dr. Hugo Tanaka
Oncologista Clínico
CRM 163241 | RQE 100689 – Oncologia Clínica

Oncologista clínico e pesquisador atuante em São Paulo, com sólida formação acadêmica que inclui doutorado e mestrado em oncologia clínica e atendimento multidisciplinar.
Especialista certificado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), desenvolve práticas médicas integradas com foco em atendimento humanizado e ágil, sempre baseado em diretrizes internacionais.

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