Embora seja uma patologia grave, pode ser prevenido através do acesso à informação correta e da adoção de medidas preventivas adequadas. Conforme projeções do INCA, o país registrará mais de 45 mil novos casos anuais dessa neoplasia até 2025, fazendo com que esteja entre os tumores mais prevalentes em ambos os sexos.
Câncer Colorretal
Conhecer como nosso corpo funciona nos ajuda a perceber quando algo não está normal. Uma parte muito importante do nosso sistema de digestão é o intestino grosso, que inclui duas partes principais: o cólon e o reto.
O cólon é a parte central do intestino grosso e sua maior estrutura, com um comprimento aproximado de 1,5 metro de extensão. Ele tem a função de absorver líquidos e sais oriundos da alimentação que eventualmente ainda restem após a passagem pelo intestino delgado.
Já o reto é a parte final do trato gastrointestinal: com cerca de 15 centímetros, é para onde os últimos restos da digestão vão depois de passarem pelo cólon. Ali, esses resíduos, já na forma de bolo fecal, são posteriormente eliminados pela defecação.
Como o câncer colorretal começa?
O câncer colorretal é uma doença que se desenvolve no cólon ou no reto, geralmente originando-se a partir de pequenos crescimentos chamados pólipos. Esses pólipos são formações no tecido que reveste essas regiões do intestino e, inicialmente, não são cancerosos.
Com o tempo, alguns pólipos podem sofrer transformação maligna. A maioria dos pólipos que se tornam cancerosos são os adenomas, que se formam nas células glandulares produtoras de muco presentes no revestimento intestinal. Por serem considerados tumores pré-cancerosos, os adenomas representam um estágio intermediário no desenvolvimento da doença.
O processo de transformação de um adenoma em câncer é gradual, podendo levar vários anos para ocorrer. Quando essa transformação acontece, o câncer resultante é denominado adenocarcinoma, que constitui o tipo mais comum de câncer colorretal.
Como o câncer colorretal se espalha?
Quando o câncer se forma em um pólipo, ele pode começar a crescer e invadir os tecidos ao redor. A parede do intestino grosso (cólon) e do reto é formada por várias camadas de tecido, uma sobre a outra.
O câncer colorretal sempre começa na camada mais interna, chamada mucosa, que é o revestimento que está em contato direto com o conteúdo intestinal. Com o tempo, se não for tratado, as células cancerosas podem crescer através das outras camadas da parede intestinal – a submucosa, a camada muscular e a serosa (camada mais externa).
O problema se torna mais sério quando as células cancerosas conseguem penetrar nos vasos sanguíneos ou nos vasos linfáticos, que são pequenos canais que transportam fluidos e fazem parte do sistema de defesa do corpo. Quando isso acontece, as células cancerosas podem usar esses “caminhos” para se espalhar.
Através da circulação sanguínea e linfática, o câncer pode se disseminar para os linfonodos regionais (pequenas estruturas que filtram substâncias e ajudam no sistema imunológico) ou para órgãos distantes como fígado, pulmões ou outros locais.
O estadiamento do câncer colorretal é determinado justamente pela profundidade da invasão na parede intestinal e pela extensão da disseminação para linfonodos ou outros órgãos. Essa classificação é fundamental para definir o melhor tratamento e o prognóstico do paciente.
Fatores de risco de câncer colorretal
Você já parou para pensar como suas escolhas diárias influenciam sua saúde intestinal e, consequentemente, seu risco de desenvolver doenças como o câncer colorretal?
Mais da metade dos casos de câncer colorretal está relacionada a fatores que você pode controlar através de mudanças no estilo de vida.
Um fator de risco é qualquer elemento que aumenta a probabilidade de desenvolver uma doença como o câncer. Cada tipo de câncer possui fatores específicos, sendo alguns modificáveis através de mudanças no estilo de vida, como o tabagismo, enquanto outros são inalteráveis, como idade e histórico familiar.
Fatores de risco do câncer colorretal que você pode mudar
- Alimentação: uma dieta rica em alimentos ultraprocessados e carnes vermelhas aumenta a propensão ao câncer colorretal. Saiba mais sobre a importância da dieta na prevenção e durante o tratamento de um câncer;
- Estilo de vida: pessoas obesas, sedentárias (entenda o papel da atividade física na prevenção) e que fazem uso de cigarro ou consumo exagerado de álcool têm uma chance aumentada de diferentes tipos de câncer, inclusive o colorretal.
Fatores de risco do câncer colorretal que você não pode mudar
- Idade: apesar da tendência de aumento de diagnósticos em pessoas jovens, a maioria dos casos ainda ocorre em pacientes com mais de 55 anos;
- Genética e raça: o câncer de colorretal é mais frequente em pessoas negras e em quem tem histórico familiar (ou pessoal) de pólipos e tumores no cólon e no reto. Algumas síndromes de câncer hereditárias, como a síndrome de Lynch ou a polipose adenomatosa familiar, também aumentam os riscos;
- Doenças inflamatórias intestinais: um histórico de problemas de saúde intestinal, como a doença de Crohn e a colite ulcerativa, está associado a uma maior chance de desenvolver câncer colorretal;
Sinais e sintomas de câncer colorretal
Nas fases iniciais, o câncer colorretal frequentemente se desenvolve de forma silenciosa, sem manifestar sintomas perceptíveis. Com o avanço da doença, entretanto, os sinais clínicos tendem a se tornar mais evidentes.
Sinais e sintomas comuns
Quando o câncer colorretal apresenta sintomas, os mais frequentes incluem alterações significativas no funcionamento intestinal, como episódios de diarreia, constipação ou modificação na consistência das fezes (particularmente o estreitamento) que persistem por vários dias. Muitos pacientes relatam também uma sensação persistente de evacuação incompleta, que permanece mesmo após a defecação.
As manifestações hemorrágicas constituem outro grupo importante de sintomas, podendo apresentar-se como sangramento retal com coloração vermelho-brilhante ou presença de sangue oculto nas fezes, conferindo-lhes uma tonalidade escura ou enegrecida. Frequentemente, os pacientes experimentam desconforto abdominal na forma de cólicas ou dor localizada.
Sintomas sistêmicos como fadiga, sensação de fraqueza generalizada e perda ponderal involuntária também podem estar presentes, especialmente em estágios mais avançados da doença.
Diagnóstico de câncer colorretal
O rastreio regular para câncer colorretal tradicionalmente inicia aos 45 anos, porém o aumento da incidência em pacientes jovens tem levado à indicação de avaliações mais precoces. É fundamental discutir com o médico sobre o momento ideal para iniciar a investigação e a periodicidade dos exames, pois a detecção precoce amplia significativamente as opções de tratamento e melhora o prognóstico.
Colonoscopia: A colonoscopia é o exame tradicionalmente utilizado para investigar o câncer colorretal. Realizado com o paciente sedado, utiliza uma microcâmera inserida pelo reto para visualizar todo o cólon em busca de pólipos e outras alterações que indicam presença ou risco de câncer. O exame exige preparação prévia rigorosa, incluindo evitar alimentos sólidos e bebidas com corante nos dias anteriores, além do uso de medicamentos laxativos para garantir que o cólon esteja completamente limpo. Uma vantagem importante é que o médico pode remover pólipos durante o próprio procedimento, sem necessidade de nova intervenção.
Sigmoidoscopia: Procedimento menos invasivo indicado especificamente para pacientes com confirmação de tumores no reto ou final do cólon. Visualiza apenas essa porção do intestino e é usado para avaliar a progressão do câncer e orientar o tratamento.
Biópsia: Se os médicos removerem pólipos durante uma colonoscopia, eles serão examinados ao microscópio para detectar a presença de células cancerígenas.
Exames de Fezes: São métodos menos invasivos que podem ser realizados com maior frequência. As amostras são analisadas em laboratório para detectar marcadores associados ao câncer colorretal, incluindo alterações no DNA, sangue oculto nas fezes (traços imperceptíveis a olho nu) e proteínas associadas ao tumor. Quando os resultados geram suspeita, uma colonoscopia deve ser realizada para investigação mais detalhada.
Exames de Sangue: A testagem de marcadores sanguíneos pode identificar problemas nos rins e fígado associados ao câncer colorretal, além de sugerir crescimento tumoral através da presença de certas proteínas. Também são úteis para monitorar possíveis recidivas em pacientes já tratados.
Exames de Imagem: Tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET-CT integram o processo diagnóstico fornecendo imagens detalhadas que permitem determinar com precisão a localização e o tamanho do tumor.
Exames de imagem menos frequentes
- Colonoscopia virtual: Utiliza tomografia computadorizada para gerar imagens tridimensionais do cólon e reto, sendo menos invasiva que a colonoscopia tradicional, mas exigindo preparação semelhante. Casos suspeitos geralmente requerem colonoscopia regular posterior.
- Ultrassom endoscópico: Consiste na inserção de aparelho de ultrassom pelo reto para visualizar a região intestinal.
- Enema de bário com duplo contraste: Utiliza solução de bário via enema como contraste para melhor visualização do cólon durante raio-X.
A escolha dos exames deve ser individualizada conforme orientação médica, considerando fatores de risco, idade e histórico pessoal do paciente.
Tratamento do câncer colorretal
Conhecer as opções terapêuticas é fundamental para enfrentar desafios de saúde com confiança. A medicina moderna oferece estratégias personalizadas que variam conforme o estágio da doença e características individuais. Equipes especializadas combinam diferentes técnicas para alcançar os melhores resultados.
Planos de tratamento do câncer colorretal
O câncer de cólon localizado é geralmente tratado com cirurgia, podendo receber quimioterapia ou radioterapia complementar para eliminar células cancerígenas remanescentes. Já o câncer retal localizado também tem a cirurgia como tratamento principal, mas frequentemente inclui quimioterapia ou radioterapia antes e/ou após o procedimento cirúrgico.
Com os novos tratamentos disponíveis, o câncer colorretal disseminado pode ser tratado como uma condição crônica, com foco em prolongar a vida e preservar a qualidade de vida. Os tratamentos para casos metastáticos incluem cirurgia, radioterapia, crioterapia, ablação por micro-ondas e diversos medicamentos anticâncer como quimioterapia, terapia direcionada e imunoterapia.
Tipos de tratamentos
A cirurgia é o tratamento mais comum e eficaz, especialmente antes da metástase. Técnicas minimamente invasivas disponíveis (videolaparoscopia e cirurgia robótica). Pode necessitar colostomia ou ileostomia no câncer retal.
Outros tratamentos
O acompanhamento multidisciplinar garante que cada caso receba atenção integral. Cirurgiões, oncologistas e nutricionistas trabalham juntos para maximizar as chances de cura e qualidade de vida.
Prevenção e estilo de vida saudável
Existem alguns fatores importantes que podem ajudar a proteger contra o desenvolvimento do câncer colorretal, oferecendo uma redução significativa no risco de desenvolver essa doença.
Hábitos que fazem a diferença
A prática regular de atividade física representa um dos principais fatores protetivos. Manter um estilo de vida ativo, com exercícios regulares, demonstrou estar diretamente associado à diminuição do risco de desenvolver câncer no intestino grosso e reto.
A alimentação influencia o risco de câncer colorretal, embora os mecanismos exatos ainda não sejam totalmente compreendidos. Dietas ricas em vegetais, frutas e grãos integrais, combinadas com baixo consumo de carnes vermelhas e processadas, beneficia não apenas a prevenção do câncer colorretal, mas também a saúde de forma geral.
Check-up oncológico
O rastreamento do câncer colorretal representa uma estratégia fundamental na detecção precoce e prevenção desta doença. Este processo consiste na investigação sistemática de sinais de câncer ou lesões pré-cancerosas em pessoas que ainda não apresentam qualquer sintoma relacionado à doença. O rastreamento regular identifica e remove pólipos antes que se tornem malignos, ou detecta o câncer em estágios iniciais quando o tratamento tem maior probabilidade de sucesso.
Todas as pessoas com 45 anos ou mais devem iniciar o rastreamento do câncer colorretal. Existem diferentes tipos de exames disponíveis, e é importante discutir com o médico qual opção é mais adequada para cada caso individual.
Pessoas com histórico familiar significativo de pólipos ou câncer colorretal devem conversar com seu médico sobre seus riscos específicos. Nestes casos, pode ser recomendável buscar aconselhamento genético para avaliar a probabilidade de ter uma síndrome de câncer hereditária e determinar se são necessárias estratégias de rastreamento mais intensivas ou iniciadas mais precocemente.
Perguntas frequentes sobre câncer colorretal
Quais fatores aumentam o risco de desenvolver tumores no intestino?
Os fatores modificáveis incluem alimentação rica em ultraprocessados e carnes vermelhas, obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool. Os fatores não modificáveis são idade (maioria dos casos após 55 anos), histórico familiar de pólipos ou tumores colorretais, síndromes hereditárias como Lynch e polipose adenomatosa familiar, além de doenças inflamatórias intestinais como Crohn e colite ulcerativa.
Quais sinais devem levar à busca por um médico?
Os principais sintomas incluem alterações persistentes no funcionamento intestinal como diarreia, constipação ou mudança na consistência das fezes por vários dias. Sangramento retal com coloração vermelho-brilhante ou sangue oculto nas fezes (deixando-as escuras) são sinais importantes. Outros alertas incluem sensação persistente de evacuação incompleta, desconforto abdominal com cólicas, fadiga, fraqueza generalizada e perda de peso involuntária.
Como a colonoscopia ajuda na prevenção?
A colonoscopia permite visualizar todo o cólon em busca de pólipos e outras alterações, sendo realizada com o paciente sedado. Sua principal vantagem é permitir a remoção de pólipos durante o próprio procedimento, eliminando lesões pré-cancerosas antes que se tornem malignas. O rastreamento tradicionalmente inicia aos 45 anos, mas pode ser indicado mais cedo devido ao aumento de casos em jovens. A detecção precoce amplia significativamente as opções de tratamento.
Existe relação entre alimentação e proteção contra a doença?
Sim, a alimentação influencia significativamente o risco de câncer colorretal. Dietas ricas em vegetais, frutas e grãos integrais, combinadas com baixo consumo de carnes vermelhas e alimentos ultraprocessados, demonstram efeito protetor. Embora os mecanismos exatos ainda sejam estudados, essa abordagem nutricional beneficia tanto a prevenção do câncer colorretal quanto a saúde geral. Mais da metade dos casos está relacionada a fatores controláveis através de mudanças no estilo de vida.
Quais são as opções de tratamento disponíveis?
O tratamento varia conforme o estágio da doença. Para câncer localizado, a cirurgia é o tratamento principal, podendo ser complementada com quimioterapia ou radioterapia. Para casos disseminados, os tratamentos incluem cirurgia, radioterapia, crioterapia, ablação por micro-ondas e medicamentos anticâncer como quimioterapia, terapia direcionada e imunoterapia. Técnicas minimamente invasivas como videolaparoscopia e cirurgia robótica estão disponíveis, e o acompanhamento multidisciplinar garante atenção integral.
Pessoas sem sintomas precisam fazer exames preventivos?
Sim, é fundamental. O câncer colorretal frequentemente se desenvolve de forma silenciosa nas fases iniciais, sem sintomas perceptíveis. O rastreamento consiste na investigação sistemática de sinais de câncer ou lesões pré-cancerosas em pessoas assintomáticas, permitindo identificar e remover pólipos antes que se tornem malignos. Todas as pessoas com 45 anos ou mais devem iniciar o rastreamento. Quem tem histórico familiar significativo pode necessitar estratégias mais intensivas ou iniciadas mais precocemente.