Tipos de câncer

Câncer de Ovário

Risco aumenta com a idade da mulher. Idas regulares ao ginecologista podem detectar precocemente este tipo de tumor

Câncer de ovário é um termo genérico para qualquer tumor maligno no ovário, mas não se trata de uma doença única. Alguns são extremamente raros e podem surgir mesmo após a remoção dos ovários.

Estima-se 6 mil novos casos de câncer de ovário por ano no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), ocupando a 19ª posição do ranking de neoplasias. É a segunda neoplasia ginecológica mais comum após o câncer de útero. Geralmente é diagnosticado em estágio avançado.

É muito importante estabelecer o diagnóstico preciso logo de início. Os principais tipos de câncer de ovário são nomeados de acordo com as células onde a doença se forma.

Tipos de câncer de ovário
  • Câncer de ovário epitelial: este é o tipo mais comum, representando cerca de 90% dos casos. Ele se origina no tecido epitelial que reveste a superfície dos ovários ou das trompas de Falópio. Os subtipos incluem seroso (o mais comum), mucinoso, endometrioide, de células claras e indiferenciado. O risco deste tipo de câncer aumenta com a idade, especialmente após os 50 anos;
  • Câncer de ovário de células germinativas: estes tumores correspondem a cerca de 5% dos casos e se originam nas células produtoras de óvulos. São mais comuns em mulheres mais jovens, especialmente com menos de 30 anos. Os subtipos incluem teratoma, disgerminoma, tumor do seio endodérmico e coriocarcinoma;
  • Câncer de ovário estromal: são menos frequentes, representando cerca de 5% dos casos. Eles se desenvolvem no tecido conjuntivo dos ovários que produz estrogênio e progesterona. Geralmente, não se espalham tão rapidamente quanto outros tumores de ovário. Os subtipos incluem tumores de células da granulosa, teca e Sertoli-Leydig. A maioria é encontrada em mulheres mais velhas, mas às vezes ocorrem em jovens;
  • Câncer de ovário peritoneal primário: é um tipo raro que se assemelha ao câncer de ovário seroso de alto grau, mas começa no revestimento da pelve e/ou do abdômen. Pode ocorrer mesmo após a remoção dos ovários.

Sintomas

O câncer de ovário pode ser difícil de detectar precocemente, pois os sintomas geralmente não aparecem até estágios mais avançados. Os sintomas podem ser vagos ou ser confundidos com outras condições ou doenças. Os principais sintomas podem incluir:

  • Dor ou desconforto abdominal ou pélvico;
  • Inchaço abdominal;
  • Sensação de saciedade precoce ao comer;
  • Alterações no hábito intestinal, como diarreia ou constipação;
  • Necessidade frequente de urinar;
  • Perda ou ganho de peso inexplicável;
  • Sangramento vaginal anormal;
  • Fadiga;
  • Dor nas costas.

Fatores de risco

Idas regulares ao ginecologista são indicadas como prevenção e para o diagnóstico precoce. Mas alguns fatores podem aumentar a probabilidade de uma mulher desenvolver o câncer de ovário. Por isso, a identificação dos fatores de risco é fundamental para a prevenção e diagnóstico precoce. Conheça os mais comuns:

  • Idade: o risco deste tipo de câncer aumenta com a idade. Cerca de metade dos casos ocorrem em mulheres com mais de 60 anos;
  • Histórico familiar: ter casos de câncer de ovário, mama e-ou colorretal na família aumenta o risco de desenvolver a doença;
  • Fatores genéticos: mutações nos genes BRCA1, BRCA2, BRIP1, RAD51C e RAD51D aumentam a predisposição genética para a doença (pessoas de ascendência judaica Ashkenazi têm maior probabilidade de ter mutações no gene BRCA1). A síndrome de Lynch (câncer colorretal hereditário sem polipose) também eleva o risco;
  • Nunca ter tido filhos: mulheres que nunca engravidaram têm maior risco. Quanto mais filhos a mulher tiver, menor é a probabilidade deste tipo de câncer;
  • Estar acima do peso ou ser obeso;
  • Endometriose;
  • Terapia de reposição hormonal pós-menopausa;
    Idade de início e fim da menstruação: menstruar em uma idade jovem ou iniciar a menopausa em uma idade mais avançada, ou ambas, pode aumentar o risco.

Diagnóstico e prevenção

O diagnóstico do câncer de ovário pode envolver uma combinação de exames, tais como:

  • Exame pélvico: é feito pelo médico no consultório para verificar anormalidades, como massas no ovário;
  • Exames de sangue: o teste CA-125 é frequentemente utilizado para medir os níveis desta proteína, produzidas por células cancerígenas de ovário e que podem estar elevadas em casos da doença. No entanto, seus índices podem estar elevados por outras condições e podem também ser normais mesmo com câncer presente. Por isso, a medição dos níveis de CA-125 é mais usada durante o tratamento, para ver se a terapia está funcionando ou para encontrar uma recidiva de câncer de ovário. Outros exames de sangue podem ser solicitados dependendo do caso ou exames adicionais de imagem;
  • Exames de imagem: diferentes tipos de exames podem ser usados para identificar tumores nos ovários, como a ultrassonografia pélvica e transvaginal, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) e tomografia por emissão de pósitrons (PET);
  • Biópsia: A confirmação do diagnóstico é feita por meio da biópsia, onde a amostra do tecido pode ser coletada por cirurgia, laparoscopia ou aspiração com agulha fina;
  • Testes genéticos: em casos de histórico familiar de câncer de ovário ou suspeita de síndromes genéticas, os testes genéticos para mutações nos genes BRCA1, BRCA2 ou outros podem ser indicados. Se as chances forem elevadas, pode ser recomendado a ooforectomia profilática, isto é, a retirada dos ovários.
Estadiamento do câncer de ovário

O estadiamento do câncer de ovário é um processo fundamental para determinar a extensão da doença e orientar o tratamento. O estadiamento é feito principalmente durante a cirurgia, com base nos achados anatomopatológicos. Este processo envolve a avaliação da extensão do tumor, o envolvimento de gânglios linfáticos e a disseminação para outros órgãos.
Os estágios variam de 1 a 4, e geralmente é indicado com algarismos romanos de I a IV, com o estágio IV representando a doença mais avançada.

  • Estágio I: o câncer está limitado aos ovários ou trompas de Falópio.

– Estágio IA: está presente em um ovário;
– Estágio IB: presente em ambos os ovários;
– Estágio IC: presente em um ou ambos os ovários, e na superfície do ovário, no fluido abdominal, ou uma cápsula com fluido rompida.

  • Estágio II: o câncer se espalhou para outras partes da pelve (como o útero, bexiga, cólon ou reto).

– Estágio IIA: o tumor atingiu o útero, as trompas de Falópio ou ambos;
– Estágio IIB: quando há a disseminação para a bexiga, reto ou cólon.

  • Estágio III: quando se identifica tumor nos gânglios linfáticos próximos ou para outros órgãos abdominais, exceto o fígado.

– Estágio IIIA: espalhou-se pelo revestimento do abdômen e não pode ser visto, ou atingiu os gânglios linfáticos;
– Estágio IIIB: quando o câncer avança pelo abdômen e é visível, mas tem menos de 2 cm;
– Estágio IIIC: ocorre a disseminação do câncer pelo abdômen e é visível, tendo mais de 2 cm.

  • Estágio IV: o câncer se espalhou para órgãos distantes como pulmão ou fígado.

– Estágio IVA: o tumor é encontrado próximo aos pulmões;
– Estágio IVB: quando o tumor se espalha para o interior do baço e fígado, afeta os gânglios linfáticos da virilha e avança para os ossos e pulmão.

Tratamento

O tratamento do câncer de ovário geralmente envolve uma combinação de cirurgia e quimioterapia. Outras terapias podem ser recomendadas para tratar ou ajudar a aliviar os sintomas, como terapias hormonais, terapias direcionadas e imunoterapias. O plano de tratamento é personalizado para cada paciente e considera o tipo de câncer, o seu estágio, a saúde geral, a idade e o desejo de ter filhos. O teste genético também poderá ser avaliado.

Os tratamentos podem incluir:

Cirurgia

É frequentemente a primeira etapa do tratamento e tem o objetivo de remover o máximo possível de tumor. Pode envolver a remoção dos ovários, trompas de Falópio, útero, colo do útero e outros tecidos afetados, como o omento. Em casos de doença avançada, pode ser necessária a remoção de outros órgãos. A cirurgia pode ser realizada por meio de laparotomia (cirurgia aberta) ou videolaparoscopia (cirurgia minimamente invasiva).

Quimioterapia

Pode ser administrada antes ou após a cirurgia, por via intravenosa ou oral. A quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC) é uma opção em casos de pequena quantidade de tumor restante após a cirurgia.
Neste caso, a medicação concentrada é colocada na cavidade abdominal por meio de um cateter ou porta (port-a-cath), dispositivo implantado que permite o acesso venoso. Assim, ela trata o câncer e a região do corpo para onde o câncer provavelmente se espalhará. A quimioterapia também percorre a corrente sanguínea, eliminando outras células tumorais que possam estar disseminadas.

Terapia direcionada

São medicamentos que atacam as células cancerígenas de forma específica, interferindo no seu crescimento e multiplicação. Atualmente, há três terapias-alvo aprovadas no Brasil para o combate a este tipo de tumor: 1) medicações orais da classe dos inibidores das enzimas PARP (iPARP), como o olaparibe e niraparibe, 2) e o bevacizumabe, administrado de forma endovenosa.

Hormonioterapia

Alguns tipos de câncer de ovário usam hormônios para crescer, e a hormonioterapia bloqueia esses hormônios. É mais usada para manter a doença sob controle, sem progressão. Geralmente, é uma opção de tratamento para alguns tipos de câncer de ovário de crescimento lento ou em casos de retorno do tumor após tratamentos iniciais.

Imunoterapia

Em alguns casos, nossas células de defesa não combatem as células cancerígenas, porque estas fabricam proteínas que as tornam invisíveis ao sistema imunológico. A imunoterapia interfere neste comportamento, bloqueando essas proteínas e estimulando as defesas a combater o câncer.