Impactando um órgão fundamental para o processo digestivo, este tipo de câncer afeta mais os homens acima dos 55 anos - saiba como identificá-lo.
O estômago é um órgão muscular, no formato de uma bolsa, que se situa na parte superior do abdômen e é essencial para a nossa digestão. Após a ingestão, os alimentos passam pelo esôfago, um tubo oco, até chegarem no estômago, onde se misturam aos sucos gástricos, iniciando o processo digestivo.
O câncer de estômago, também conhecido como câncer gástrico, ocorre quando há uma divisão descontrolada das células que revestem o órgão, formando um tumor. À medida que cresce, o tumor pode invadir e destruir o tecido circundante, trancar a passagem dos alimentos, romper-se e/ou se espalhar para outros órgãos.
Em todo o mundo, a maioria dos casos deste tipo de câncer afeta a parte principal do estômago, chamada corpo, mas também pode afetar a parte distal do estômago, perto do intestino delgado.
Embora as taxas de câncer de estômago, em geral, estejam diminuindo, os cânceres de estômago na junção gastroesofágica aumentam. No Brasil, o câncer gástrico é o 6º tumor mais prevalente, e as regiões Sul e Sudeste concentram 70% da incidência, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Existem diferentes tipos de câncer de estômago, dependendo das células em que o tumor se inicia. Estes incluem:
Adenocarcinomas: começa nas células glandulares da mucosa do órgão, isto é, sua camada interna, crescendo para fora e invadindo outras camadas. É o tipo mais comum, respondendo por 95% de todos os cânceres de estômago.
Tumor estromal gastrointestinal (GIST): também conhecido como sarcoma gástrico, é um câncer mais raro que afeta um grupo de células chamadas de células intersticiais de Cajal, no trato gastrointestinal.
Tumor carcinoide: também conhecido como tumores neuroendócrinos (TNEs), atinge as células produtoras de hormônios do estômago. A maioria dos TNEs tende a crescer lentamente e não se espalha para outros órgãos, mas alguns subtipos podem ser mais agressivos, crescer e se espalhar rapidamente.
O câncer de estômago geralmente é detectado em estágios mais avançados porque seus sintomas se confundem com desconfortos corriqueiros como má digestão ou azia. Os sinais mais frequentes são:
Na presença de um ou mais desses sintomas por mais de duas semanas, é importante falar com um médico para investigar.
Embora a causa exata do câncer do estômago não seja conhecida, alguns fatores parecem aumentar o risco de desenvolver a doença. Estes fatores incluem:
Muitas vezes, o câncer do estômago não apresenta sintomas até ter se espalhado para outras partes do corpo, ou os sintomas são confundidos com outros problemas menos graves, como indigestão ou azia. É importante alertar o médico de sintomas persistentes há mais de duas semanas para aumentar as chances de diagnóstico. Alguns exames ajudam a identificar a doença:
Exames de sangue: mostram indicadores importantes de saúde que podem sugerir o mau funcionamento de órgãos e anemia, um sintoma do tumor gástrico. Os exames de sangue também podem revelar a presença de marcadores do câncer como os antígenos 125 (CA-125) e carcinoembrionário (CEA). No entanto, nem todos os tumores produzem CEA, e níveis elevados de CEA não significam necessariamente a presença de um tumor.
Exame de sangue oculto nas fezes: indicado para examinar a presença de sangue oculto nas fezes, o que indica que o estômago pode estar sangrando.
Endoscopia digestiva alta: exame em que o médico insere, pela boca do paciente, um pequeno tubo flexível com uma câmara na extremidade, denominado endoscópio, que permite visualizar o esófago e o estômago. O endoscópio também pode estar equipado com uma ferramenta para remover amostras de tecido suspeito para ser biopsiado.
Biópsia: remoção de tecido do estômago para identificar se há presença das células cancerígenas.
Ultrassom endoscópico: permite ver se o câncer invadiu as paredes do estômago ou verificar se existem alterações pré-cancerosas.
Exames de imagem: Existem diferentes tipos de exames que podem auxiliar o diagnóstico, como:
Laparoscopia de estadiamento: procedimento minimamente invasivo utilizado para determinar o grau de progressão da doença. Além de examinar cuidadosamente as superfícies do estômago, o exame permite “lavar” a cavidade abdominal com uma solução salina, procedimento chamado de lavagem peritoneal. Após a solução ser removida, pode-se identificar a presença de células cancerígenas ainda não visíveis em outros exames de imagens.
O tratamento geralmente envolve mais de um tipo de terapia, tais como:
Cirurgia : a cirurgia costuma ser parte do tratamento do câncer de estômago. Aliada a outros tratamentos, oferece a maior chance de cura se o câncer não se espalhou para outras partes do corpo. Deve ser feita para: 1) remover o câncer e parte ou todo o estômago, bem como linfonodos e estruturas próximas e-ou outros órgãos, caso precisem ser também retirados; 2) se o câncer estiver muito disseminado, a cirurgia paliativa pode ser feita para prevenir sangramentos ou evitar bloqueio do estômago devido ao crescimento do tumor.
As técnicas cirúrgicas podem incluir:
– Ressecção endoscópica da mucosa: por meio de um endoscópio, os médicos conseguem acessar a cavidade e remover certos tipos de cânceres precoces e não invasivos.
– Gastrectomia: o objetivo é remover completamente o tumor do estômago e os gânglios linfáticos próximos afetados, mas preservando o máximo possível a função do órgão. Existem vários tipos de gastrectomia, incluindo:
A cirurgia de gastrectomia pode mudar a forma de obtenção de nutrientes pelo organismo. Alguns pacientes podem ter um tubo de alimentação inserido diretamente no intestino delgado; outros podem ter de tomar suplementos vitamínicos sob a forma de comprimidos ou injeções. Cabe aos nutricionistas oncológicos traçarem a melhor forma de repor as necessidades nutricionais.
Após a cirurgia, o paciente pode ter de comer refeições menores e mais frequentes e evitar o açúcar. Também pode ocorrer desconforto abdominal, falta de apetite e diarreia, que geralmente são temporários.
Procedimentos de endoscopia: em algumas situações, procedimentos de endoscopia digestiva alta podem ser realizados para prevenir ou aliviar os sintomas, sem a necessidade de uma cirurgia mais extensa. As técnicas são:
Cirurgia combinada com quimioterapia e radiação: as três terapias podem ser combinadas, ajudando a matar as células cancerígenas e encolher o tumor antes da cirurgia, que se torna mais bem tolerada e com mais chances de sucesso.
Quimioterapia: outro tratamento usado para combater a doença é a quimioterapia . Ela normalmente é usada para reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia. Também pode ser administrada após para matar quaisquer células cancerígenas remanescentes não visíveis durante a operação.
Podem ser usados diferentes métodos: a quimioterapia intravenosa (IV), intraperitoneal (IP) e a intraperitoneal hipertérmica (HIPEC).
Radioterapia: diferentes tipos de radioterapia podem ser indicados para tratar o câncer de estômago, como a IMRT e a SBRT (utilizada para casos de câncer metastático).
Terapia dirigida: essa terapia funciona parando ou abrandando o crescimento ou a propagação do câncer em nível celular, já que age sobre as proteínas usadas pelo câncer para sobreviver, se multiplicar e se disseminar pelo organismo.
Teste genético: este tipo de teste classifica os tumores cancerígenos de acordo com a sua composição genética e pode ajudar o oncologista a escolher qual tratamento será o ideal e terá melhor resposta.
Imunoterapia: recruta o próprio sistema imune para o combate ao câncer. No caso do câncer do estômago, os pacientes podem receber os inibidores de checkpoint , que impedem que as defesas se desliguem antes de o tumor ser eliminado.