Tipos de câncer

Câncer de Tireoide

Mulheres são mais afetadas pelo câncer de tireoide - Doença afeta glândula no pescoço e costuma ter crescimento lento. Tratamento tem boas chances de sucesso

A tireoide faz parte do sistema endócrino. É uma pequena glândula em formato de borboleta, localizada na parte frontal do pescoço.

Formada por duas seções – o lobo direito e o lobo esquerdo –, fica no entorno da traqueia. Uma faixa estreita de tecido, conhecida como istmo, une as duas metades da tireoide.

No organismo, sua função é regular e estimular a produção de hormônios que atuam no metabolismo, na frequência cardíaca, na pressão sanguínea, no humor e na temperatura corporal.

O câncer de tireoide é o sétimo tipo de câncer mais frequente no Brasil. Mulheres costumam ser mais afetadas pela doença que, em geral, tem um crescimento lento.

No Brasil, o número estimado de novos casos de câncer de tireoide por ano é de 16,6 mil. A média de idade no momento do diagnóstico entre brasileiros fica acima dos 45 anos.

Além da cirurgia, o tratamento para câncer de tireoide pode incluir radioiodo, quimioterapia, radioterapia e ablação.

Sintomas

O câncer de tireoide pode se desenvolver sem causar sintomas. A doença pode ocasionar repercussões divididas em duas classes: a primeira é considerada funcional e pode incluir tanto a produção de hormônios em excesso (o hipertireoidismo) quanto a falta de hormônios (o hipotireoidismo); a segunda categoria é anatômica e acarreta o surgimento de nódulos na glândula.

É importante lembrar que as alterações na produção de hormônios da tireoide – o hipotireoidismo e o hipertireoidismo –, isoladamente, são condições tratáveis que não trazem risco aumentado de câncer de tireoide.

Outro alerta é que nem todo nódulo tireoidiano significa câncer: é relativamente comum desenvolver nódulos na glândula, com incidência de 40% a 50% na população.

Mas é importante investigar a causa dos nódulos, especialmente quando eles aparecem associados a outros sintomas, como:

  • Aumento dos gânglios do pescoço;
  • Falta de ar;
  • Rouquidão e mudança no tom de voz;
  • Dor no pescoço e na garganta;
  • Dificuldade para engolir alimentos;
  • Tosse que não passa e não é fruto de um resfriado e/ou com sangue;
  • Caroço ou nódulo na parte frontal do pescoço.

Fatores de risco

A maioria dos cânceres de tiroide estão ligados à idade e ao gênero: as mulheres entre os 20 e os 55 anos têm três vezes mais probabilidades de desenvolver câncer de tireoide do que os homens, sendo o tumor papilar da tiroide o tipo mais comum da doença. Outros fatores de risco também foram identificados, como:

  • Exposição a altos níveis de radiação: geralmente associado a um tratamento de radiação na região da cabeça ou pescoço feito durante a infância. Exposição acidental ou exposição contínua relacionada ao trabalho também são fatores de risco. Raios-X ou exames ocasionais que fazem parte de procedimentos médicos de rotina (como um exame dentário) têm níveis de radiação muito baixos e não aumentam as chances;
  • Distúrbios hereditários: o câncer medular familiar da tiroide é geralmente causado por uma mutação hereditária no gene RET2. A mutação de alguns genes pode causar maior risco de desenvolver câncer de tireoide medular – como a síndrome neoplásica endócrina múltipla e a síndrome de Cowden – e de câncer de tireoide papilífero – como a polipose adenomatosa familiar. Pessoas com histórico familiar devem considerar aconselhamento genético para aprender e gerir o seu risco;
  • Deficiência de iodo ou histórico de bócio: a tiroide usa iodo para produzir hormônios. Pessoas com baixos níveis de iodo têm um risco maior de desenvolver câncer de tireoide.

 

Diagnóstico e prevenção

Não existem políticas de rastreio gerais para o câncer de tireoide, então, a doença costuma ser detectada quando surgem sintomas ou por meio de exames de rotina.

Os procedimentos que podem integrar esse processo de investigação do câncer de tireoide são:

  • Exame físico para verificar a presença de nódulos na tireoide;
  • Avaliação do histórico familiar;
  • Exames hormonais: anormalidades nos níveis de hormônio, indicadas por exames de sangue, podem ajudar a diferenciar o diagnóstico de câncer de outras doenças que afetam a glândula;
  • Ultrassom do pescoço: técnica mais usada para diagnosticar câncer de tireoide, serve para identificar e localizar o tumor no pescoço;
  • Biópsia e punção da tireoide: a remoção de algumas células ou de uma amostra de tecido do nódulo para análise microscópica é um procedimento solicitado quando os exames de imagem indicou uma alteração na glândula. A técnica é realizada sob anestesia local;
  • Cintilografia da tireoide: esse exame de imagem é feito com auxílio de marcadores radioativos de iodo e costuma fazer parte dos processos pós-cirúgicos. O objetivo é determinar se há células remanescentes de câncer na tireoide ou no entorno da glândula;
  • Testagem genética: serve principalmente para adotar medidas preventivas na família da pessoa afetada pela forma hereditária da doença. Se uma mutação genética que causa câncer de tireoide está presente, a remoção profilática da glândula pode ser aconselhada.

Métodos adicionais de diagnóstico por imagem, incluindo tomografia computadorizada e tomografia por emissão de pósitrons, podem ser empregados posteriormente ao diagnóstico inicial para avaliar a extensão da patologia. Estes procedimentos complementares são comumente requisitados quando se identifica uma variante mais agressiva do câncer de tireoide.

Como as razões para a mutação das células tireoidianas ainda não foram mapeadas pela ciência, há poucas formas de se prevenir da doença.

A principal recomendação é realizar exames de rastreamento quando houver casos de câncer de tireoide na família ou mutações genéticas associadas ao câncer conhecidas. Evitar contato com radiação nuclear também diminui as chances de ocorrência de tumores tireoidianos.

Tipos de câncer de tireoide

Os cânceres de tireoide são classificados em tipos diferenciados, pouco diferenciados ou não diferenciados, de acordo com o grau de similaridade das células cancerígenas com as células epiteliais normais da glândula.

Os cânceres de tireoide bem diferenciados incluem:

  • Carcinoma de tireoide papilífero: é o tipo mais comum de câncer de tireoide. Em geral, os tumores são pequenos e respondem bem ao tratamento, mas há casos mais agressivos que podem se espalhar – quando há metástase, o tipo papilífero costuma afetar os linfonodos do pescoço. Na maior parte dos casos, o câncer se desenvolve em apenas um lobo da tireoide. O tipo papilífero tem o pico de ocorrências entre os 30 e 50 anos;
  • Carcinoma de tireoide folicular: cerca de 10% dos casos de câncer de tireoide são do tipo folicular. Costuma afetar pessoas entre 40 e 60 anos e tem crescimento lento. Em regiões do mundo onde a dieta é deficiente em iodo, o tipo folicular prevalece. Quando se espalha para outras partes do corpo, é comum atingir os pulmões, o fígado, os ossos e os vasos sanguíneos. O tratamento é similar ao tratamento utilizado para o tipo papilar, e costuma ser bem sucedido;
  • Células de Hürtle: este tipo raro de câncer de tireoide era considerado folicular, e recentemente ganhou uma classificação própria. A diferenciação ocorreu porque os tumores de células de Hürtle apresentam mutações complexas tanto no DNA nuclear quanto mitocondrial. É agressivo e representa 5% das ocorrências de câncer da tireoide diferenciado. É mais frequente em mulheres com mais de 40 anos. Costuma apresentar infiltração vascular e metástase.

Os carcinomas de tireoide pouco diferenciados são raros: representam cerca de 3 a 5% dos casos. As células não são diferenciadas como as encontradas nos tipos papilífero ou folicular, mas tampouco são não diferenciadas como as do tipo anaplásico. Os tratamentos indicados são similares aos usados no tipo folicular.

Há ainda outros tipos muito raros, como o linfoma da tireoide – que começa nas células imunes da tireoide – e o sarcoma da tireoide – que começa no tecido conjuntivo. Metástases de cânceres que começaram em outros órgãos também podem se espalhar para a tireoide.

Estadiamento do câncer de tireoide

O tumor de tireoide é classificado em estágios, a depender do tamanho do tumor, sua disseminação para regiões próximas do corpo e a invasão de linfonodos no entorno da glândula.

Os médicos usam um sistema de siglas para classificar o estadiamento do câncer:

  • A letra T se refere ao tamanho do tumor primário e considera se ele invadiu ou não tecidos próximos;
  • O N aponta a presença ou ausência de câncer nos linfonodos ao redor da tireoide;
  • O M é usado para indicar se o câncer já se espalhou para outras partes do corpo.

A classificação T é a seguinte:

  • T1a: o câncer consiste em um tumor de 1 cm ou menor e não se espalhou para além da tireoide;
  • T1b: o tumor tem entre 1 e 2 cm e é limitado à tireoide;
  • T2: o câncer tem uma dimensão de mais de 2 e menos de 4 cm. Limitado à tireoide;
  • T3a: tumor maior de 4 cm contido na tireoide;
  • T3b: tumor de qualquer tamanho, mas que se estende aos músculos no entorno da glândula;
  • T4a: tumor de qualquer tamanho que se espalhou para tecidos moles subcutâneos, para a laringe, a traqueia, o esôfago ou o nervo laríngeo recorrente;
  • T4b: tumor que se espalhou à fáscia pré-vertebral (tecido conjuntivo que envolve a coluna), aos vasos mediastinais (vasos sanguíneos na cavidade torácica) ou à artéria carótida.

A classificação N é subdividida de acordo com a localização dos linfonodos onde há, ou não, metástase:

  • N0: ainda não há metástase para os linfonodos ao redor da tireoide;
  • N1a: existe metástase em duas regiões – no compartimento central e no mediastino superior;
  • N1b: a metástase está presente em linfonodos cervicais unilaterais, bilaterais ou contralaterais, ou ainda em linfonodos retrofaríngeos.

Por sua vez, a classificação M abrange o M0, quando ainda não há metástase em regiões distantes do corpo, e o M1, quando essa metástase já é encontrada.

A combinação dessas classificações TNM ajuda a identificar as características do câncer e definir a melhor linha terapêutica para cada paciente. No caso do câncer de tireoide, existem ainda classificações particulares para cada tipo da doença.

Os tipos papilíferos e foliculares são divididos em estágio 1, quando o tumor não se espalhou para tecidos próximos e linfonodos mas não atingiu outras partes do corpo; e estágio 2, quando há metástase em outros órgãos, como pulmões ou ossos. Há outras classificações específicas para pacientes com mais de 55 anos.

O câncer do tipo anaplásico é automaticamente considerado um câncer de estágio 4 e ganha outras subdivisões. O câncer de tireoide medular também tem estadiamento próprio.

Tratamento

Cirurgia

A principal linha de tratamento para canceres de tireoide é a cirúrgica. A glândula tireoide pode ser removida parcial ou totalmente, bem como os linfonodos do pescoço, se houver comprometimento.

A depender do tamanho do tumor e do tipo de câncer, a tireoide pode ser removida total ou parcialmente. A cirurgia de tireoidectomia total retira toda a glândula. Já a lobectomiaou hemitireoidectomia extrai apenas a parte onde o tumor está localizado.

Depois da cirurgia, o acompanhamento endocrinológico segue necessário para avaliar a reposição do hormônio tireoidiano e a manutenção de níveis hormonais regulares.

A terapia hormonal ajuda a suprimir a produção de hormônios que podem incentivar o crescimento de células cancerígenas. Por isso, a reposição dos hormônios tireoidianos também auxilia a evitar a recorrência.

Iodo radioativo

O iodo radioativo é um tratamento adjacente à cirurgia. É utilizado principalmente para destruir as células cancerígenas remanescentes após a cirurgia e em casos de metástase ou recorrência.

Durante o tratamento com iodo, o paciente precisa suspender a reposição hormonal e pode ter indicações de isolamento, para que a radioatividade do iodo não afete pessoas próximas. A maior parte do iodo radioativo deixa o corpo por meio da urina nos primeiros dias após a aplicação.

Esse tratamento não é efetivo para tipos anaplásicos ou medulares de câncer de tireoide.

Radioterapia

A radioterapia  é utilizada quando pacientes com câncer de tireoide não podem ser operados, ou quando não há resposta a outros tratamentos.

Em cânceres do tipo anaplásico, o curso de tratamento inclui cirurgia seguida de radioterapia – e também quimioterapia. A radioterapia também serve como tratamento paliativo para câncer inoperável e para casos em que há metástase nos ossos.

Quimioterapia

A quimioterapia  é uma linha de tratamento indicado para tipos de câncer com crescimento rápido, como o anaplásico, ou para recorrência do câncer. As drogas quimioterápicas matam as células cancerígenas. Outra função deste tratamento é reduzir a velocidade de crescimento do tumor e manejar sintomas da doença. A quimioterapia raramente é usada para o tratamento da maioria dos tipos de câncer de tireoide.

Terapia-alvo ou terapia direcionada

Diferentes medicações imunoterápicas vêm sendo testadas para o tratamento do câncer de tireoide. Esse tipo de medicação  é direcionada para receptores ou substâncias presentes nas células cancerígenas, atuando diretamente no tumor.

A terapia-alvo pode servir para desacelerar ou impedir o crescimento do câncer. É uma abordagem terapêutica comumente utilizada para o câncer de tireoide, especialmente os tipos metastático e avançado.

Terapia hormonal

A ingestão de hormônios sintéticos ajuda a controlar o nível de hormônio tireoestimulante, cuja elevação pode provocar o crescimento do tumor. Essa linha terapêutica também ajuda a normalizar os níveis hormonais de pacientes que já passaram por outros tipos de tratamento.

Ablação

A ablação é um tipo de tratamento, em geral, utilizado para tratar o câncer de tireoide do tipo medular. Depois da ressecção completa do tumor, diferentes tipos de ablação podem ser usados para eliminar as células cancerígenas restantes.

A ablação etanólica consiste em injetar álcool em pequenas porções do tumor, com apoio de um ultrassom. Também serve para metástases encontradas nos linfonodos após a cirurgia. O álcool faz com que as células cancerígenas diminuam. A crioablação, baseada na geração de ondas de frio para congelar as células tumorais, e a ablação de radiofrequência, que utiliza o calor para matar as células cancerígenas. Ambas podem ser indicadas para casos em que o câncer teve metástase no fígado, nos ossos e nos pulmões.

 

MATÉRIAS RELACIONADAS

Olá! Para mais informações, preencha seu nome e e-mail para iniciar uma conversa.