Radioterapia

Uso focalizado de radiação pode contribuir para reduzir massas tumorais ou eliminar resquícios da doença.

A radioterapia é um tratamento que utiliza radiações ionizantes, como raios-x e raios gama, para destruir ou inibir células tumorais. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que mais da metade dos pacientes é submetida a algum tipo de radioterapia.

A radioterapia pode ser utilizada de forma autônoma ou combinada a outras terapias para reduzir o tamanho do tumor ou destruir as células cancerígenas que possam permanecer após outros tratamentos. Em alguns casos, é feita antes da cirurgia para diminuir a extensão do tumor e facilitar sua remoção. Pode também ser indicada para casos de tratamento paliativo, para reduzir dores e obstruções de órgãos causadas pelo câncer.

Requer um planejamento exclusivo para atingir seu alvo, o tumor, sem afetar os tecidos ao redor. Em geral, as aplicações são feitas diariamente durante quatro a seis semanas, mas o número de sessões depende do tipo, da extensão e da localização do tumor.

As radiações não são vistas durante a aplicação, e o paciente não sente dor. Pode haver efeitos colaterais localizados – por isso, a consulta semanal com o radioterapeuta é indispensável.

Tipos de radioterapia

Existem basicamente dois tipos de radioterapia: externa, a mais comum, e a braquiterapia.

Na externa, conhecida também como teleterapia, a radiação é emitida por um aparelho, que fica afastado do paciente, direcionado ao local a ser tratado, com o paciente deitado, semelhante a um exame radiológico. Se o tumor estiver na região da cabeça ou pescoço, usa-se uma máscara para concentrar a emissão no local correto e evitar danos em outras áreas. Não é necessária anestesia.

Tipos de radioterapia externa

Conformacional tridimensional (3D-CRT): utiliza um computador para criar uma imagem em três dimensões do tumor a ser tratado.

Radioterapia guiada por imagem (IGRT): as imagens são melhoradas para garantir a acurácia da aplicação da radiação no local do tumor, podendo diminuir as margens ao redor da área a ser tratada.

Radioterapia de intensidade modulada (IMRT, na sigla em inglês): é considerada um dos métodos mais avançados atualmente. Utiliza feixes de radiação em pequenas áreas do tecido ao mesmo tempo, sendo indicada para casos de câncer de próstata, mama e tumores de cabeça, pescoço, pâncreas, vias biliares, reto, colo de útero e sarcoma. É a que oferece menos efeitos colaterais, pois sua precisão e foco preserva os tecidos saudáveis.

Radioterapia é a intra-operatória (IORT): aplicada para tratar um tumor durante a cirurgia do câncer – ou seja, uma dose de radiação elevada na área de tratamento exposta cirurgicamente. Os órgãos e tecidos saudáveis circundantes são protegidos por escudos de chumbo ou movidos para fora do campo de radiação.

Acelerador linear de ressonância magnética: o acelerador linear utilizado na radioterapia é um equipamento que emite feixes de radiação de alta energia, como raios-x ou elétrons, direcionados para as áreas afetadas pelo câncer. A radiação atua no DNA ou cromossomo da célula doente, matando ou inibindo o crescimento celular.
Terapia por feixe de prótons: em vez de fótons, usa os prótons, partículas carregadas em um átomo que liberam sua energia dentro do tumor, com mais controle e menos danos aos tecidos circundantes. Permite aplicar, com segurança, doses mais altas de radiação para eliminar o câncer.

Radiocirurgia estereotáxica (SRS): apesar de ter “cirurgia” no nome, não é uma cirurgia, pois não tem cortes ou anestesia. Trata-se de uma aplicação de dezenas de pequenos feixes de radiação para tratar tumores na cabeça e no pescoço (que não podem ser removidos cirurgicamente) com uma única dose de radiação. A aplicação é guiada por imagens tridimensionais de ressonância magnética ou tomografia computadorizada que indica a localização exata do tumor. O feixe é aplicado em diferentes ângulos para diferentes partes do tumor.

A SBRT é dividida em duas categorias, de acordo com o tipo de tumor a ser tratada:

  • Radioterapia estereotáxica craniana e da coluna vertebral: utiliza a orientação de exames de tomografia computadorizada para orientar a aplicação dos feixes de radiação no local correto, que podem ser ajustados instantaneamente durante o procedimento. Como o próprio nome indica, usada para tumores no cérebro e na coluna.
  • Radioterapia estereotáxica corpórea: esta técnica associa exames de tomografia computadorizada do tumor ao software de planejamento do tratamento para determinar a direção e a intensidade do feixe de radiação a ser aplicado. Mais usada para alvos no pulmão e fígado.

Terapia de arco modulado volumétrico (VMAT): também conhecida como RapiArc, é uma forma de IMRT em que vários feixes de radiação de diferentes intensidades são direcionados para o tumor por meio de equipamento de radiação rotativo. À medida que a máquina roda, a radiação é administrada em múltiplos ângulos, concentrando a maior dose possível de radiação no tumor e minimizando o impacto sobre os órgãos saudáveis ao redor. É uma técnica que reduz muito o tempo de tratamento.

Braquiterapia ou radioterapia interna

Este tipo de radioterapia implanta dezenas de pequenas doses de iodo radioativo dentro de “sementes”, do tamanho de um grão de arroz, no corpo do paciente, levadas até o local do tumor por meio de cateteres ou agulhas especiais. Essas as sementes são deixadas dentro do corpo para liberarem a radiação aos poucos, ao longo do tempo.
Na braquiterapia temporária, as sementes são inseridas durante alguns minutos ou horas e removidas depois, normalmente num procedimento ambulatorial.

Existem diferentes gradações de braquiterapia: de baixa dose, de dose pulsada e de alta dose.
Na de base dose, as “sementes” radioativas são colocadas dentro ou perto do tumor e lá ficam por semanas ou meses. É um procedimento ambulatorial, e o paciente pode retomar suas atividades depois.

Na braquiterapia de dose pulsada, feita no hospital, as cápsulas radioativas entram no tumor por meio de um dispositivo, uma espécie de aplicador, que as lança a cada 10 minutos por hora, durante dois dias.

A braquiterapia de alta dose também utiliza um dispositivo aplicador, com a diferença que a dose contida na cápsula é mais potente, e o período de aplicação mais curto, podendo ser feita de modo ambulatorial.

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