Tipos de câncer

Câncer de Colorretal

É um dos tipos de câncer que mais cresceu em incidência nos últimos anos

Câncer de colorretal é uma denominação que abrange os tumores que atingem diferentes partes do intestino, de forma separada ou simultaneamente: o cólon e o reto.

O cólon é a parte central do intestino grosso e sua maior estrutura, com um comprimento aproximado de 1,5 metro de extensão. Ele tem a função de absorver líquidos e sais oriundos da alimentação que eventualmente ainda restem após a passagem pelo intestino delgado.

Já o reto é a parte final do trato gastrointestinal: com cerca de 15 centímetros, é para onde os últimos restos da digestão vão depois de passarem pelo cólon. Ali, esses resíduos, já na forma de bolo fecal, são posteriormente eliminados pela defecação.

Casos de câncer de colorretal têm aumentado no país, e dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam uma média de 45 mil novos casos diagnosticados por ano. É o terceiro tipo de câncer mais frequente no Brasil – excetuando-se os tumores de pele não melanoma.

Um amplo estudo conduzido por pesquisadores do Inca, da Fiocruz e da Universidade da Califórnia em San Diego mostrou, em 2023, que a mortalidade tem aumentado em países da América Latina, inclusive no Brasil: foram cerca de 20,5% óbitos a mais na região entre 1990 e 2019.

As causas para o aumento ainda têm sido debatidas, mas um maior acesso a alimentos ultraprocessados e uma demora no diagnóstico têm sido associadas à maior incidência e à dificuldade de tratamento.

Sintomas

Em geral, o câncer de colorretal começa a partir de pólipos no intestino. Pequenas protuberâncias no revestimento interno do cólon e do reto, os pólipos não são, por si mesmo, um câncer – mas podem evoluir de forma maligna com o tempo. No início, eles tendem a se desenvolver de forma assintomática, ou com sintomas que não provocam alterações significativas na rotina do paciente, o que pode atrasar a busca por diagnóstico.

Quando aparecem, os sintomas envolvem:

  • Alterações na evacuação, o que pode envolver constipação ou, ao contrário, episódios de diarreia;
  • Desconforto ou vontade de evacuar quando não há necessidade;
  • Desconforto ou dor durante a evacuação;
  • Desconforto ou dor ao sentar-se;
  • Presença de sangue nas fezes;
  • Dores abdominais;
  • Inchaço ou sensação de saciedade;
  • Perda de peso sem explicação aparente;
  • Fadiga crônica;
  • Problemas de absorção de nutrientes, como o ferro, que podem levar à anemia;
  • Palidez associada à anemia.

Fatores de risco

Qualquer pessoa pode desenvolver câncer de colorretal, mas alguns fatores de risco aumentam a propensão à doença. Eles incluem:

  • Idade: apesar da tendência de aumento de diagnósticos em pessoas jovens, a maioria dos casos ainda ocorre em pacientes com mais de 55 anos;
  • Genética e raça: o câncer de colorretal é mais frequente em pessoas negras e em quem tem histórico familiar (ou pessoal) de pólipos e tumores no cólon e no reto. Algumas síndromes de câncer hereditárias, como a síndrome de Lynch ou a polipose adenomatosa familiar, também aumentam os riscos;
  • Doenças inflamatórias intestinais: um histórico de problemas de saúde intestinal, como a doença de Crohn e a colite ulcerativa, está associado a uma maior chance de desenvolver câncer colorretal;
  • Alimentação: uma dieta rica em alimentos ultraprocessados e carnes vermelhas aumenta a propensão ao câncer colorretal. Saiba mais sobre a importância da dieta na prevenção e durante o tratamento de um câncer;
  • Estilo de vida: pessoas obesas, sedentárias (entenda o papel da atividade física na prevenção) e que fazem uso de cigarro ou consumo exagerado de álcool têm uma chance aumentada de diferentes tipos de câncer, inclusive o colorretal.

Diagnóstico e prevenção

Em geral, exames de rastreio regulares para o câncer de colorretal costumam ser iniciados por volta dos 45 anos, mas uma maior incidência da doença em pacientes jovens tem aumentado a indicação para avaliações mais precoces.

Discuta com seu médico sobre a necessidade de iniciar uma investigação para a doença mais cedo na vida, bem como a periodicidade para a realização desses exames – como ocorre com outros tumores, quanto mais cedo o câncer for detectado, maior o leque de opções de tratamento e melhor o prognóstico.

O exame tradicionalmente utilizado para investigar um câncer colorretal é a colonoscopia. Com o paciente sedado, uma microcâmera em um tubo é inserida no reto para permitir que o médico visualize as características do cólon em busca de pólipos e outras alterações que indicam a presença (ou o risco) de um câncer. A colonoscopia exige preparação prévia para garantir que o cólon esteja desobstruído, facilitando a observação. Conforme indicação médica, nos dias prévios ao teste, o paciente deverá evitar ingerir alimentos sólidos e bebidas com corante, além de utilizar medicamentos laxativos para evacuar o máximo possível.

Em muitos casos, o médico pode remover pólipos durante a própria colonoscopia, sem necessidade de um novo procedimento apenas para essa remoção.

A sigmoidoscopia é outra opção de exame, indicado para quem já tem a confirmação de tumores no reto ou no final do cólon. O procedimento pouco invasivo visualiza apenas esta porção do intestino, e é utilizado para avaliar a progressão do câncer e orientar o tratamento.

Outros métodos que auxiliam na identificação de um câncer colorretal incluem:

  • Exames de fezes específicos: menos invasivos, são testes que podem ser feitos com mais frequência. Na amostra, que é enviada para análise em laboratório, as fezes são examinadas em busca de marcadores associados ao desenvolvimento do câncer colorretal, como alterações no DNA e o chamado exame de sangue oculto nas fezes – que permite detectar traços de sangue imperceptíveis a olho nu, um fator de risco para o câncer, além de realizar testes para verificar a presença de proteínas associadas ao tumor. Caso os resultados gerem suspeita, uma colonoscopia deve ser realizada para investigar o quadro;
  • Exames de sangue: a testagem de marcadores sanguíneos pode indicar problemas nos rins e no fígado, associados ao câncer colorretal, e pode sugerir o crescimento do tumor a partir da presença de certas proteínas. O exame de sangue também ajuda a monitorar recidivas em pacientes já tratados;
  • Exames de imagem: testes como tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET-CT podem integrar o processo diagnóstico, na medida em que fornecem imagens que permitem determinar a localização e o tamanho do tumor de maneira detalhada.

Outros tipos de exame de imagem, usados com menos frequência para câncer de colorretal são:

  • Colonoscopia virtual: nesse exame, realizado com ajuda de tomografia computadorizada na região abdominal e pélvica, são geradas imagens tridimensionais do cólon e do reto para verificar a presença de pólipos e outras alterações. O teste é menos invasivo que uma colonoscopia normal, mas exige preparação semelhante. Em caso de anormalidades suspeitas, é comum que seja indicada a realização de uma colonoscopia regular, que permite uma melhor observação do quadro – além de possibilitar a remoção de pólipos durante o procedimento, conforme o caso;
  • Ultrassom endoscópico: outro tipo de exame de imagem, essa endoscopia consiste em inserir um pequeno aparelho de ultrassom pelo reto até o colo, para visualizar a região do intestino;
  • Enema de bário com duplo contraste: o exame utiliza uma solução de bário, inserida via enema, como contraste para melhor visualização do cólon durante um raio-X.

Estágio do câncer de colorretal e prognóstico

Os graus de um câncer colorretal são avaliados de acordo com características como tamanho, localização, forma e agressividade do tumor observado, fatores que influenciam as opções de tratamento e o prognóstico, bem como os riscos de metástase. Conheça os graus do câncer colorretal:

  • Grau 0 – Quando células anormais são detectadas na mucosa do cólon. Localizado, esse estágio também é chamado de carcinoma in situ ou carcinoma intramuscular;
  • Grau I – Além da mucosa, as células potencialmente cancerígenas também são detectadas em outras camadas da superfície colorretal, mas ainda não chegaram aos linfonodos ou tecidos vizinhos;
  • Grau II – Neste estágio, o câncer já se espalhou para as camadas mais externas do cólon e do reto (a camada específica pode variar, o que rende a subdivisão em estágios IIA, IIB e IIC, conforme avaliação médica), mas ainda não chegou aos linfonodos;
  • Grau III – O câncer já atingiu os linfonodos ao redor da área de origem, mas ainda não foi detectado em outras partes do corpo;
  • Grau IV – Nesse estágio, o câncer colorretal fez metástase, com células cancerígenas sendo agora detectadas também em partes distantes do organismo. Qualquer parte do corpo pode ser afetada nesse estágio, e é frequente que a metástase atinja órgãos como o fígado e os pulmões.

Tratamento

Cirurgia

Com chances mais altas de sucesso quando realizada antes de o câncer se espalhar, a cirurgia costuma ser a opção de tratamento mais frequente para esse tumor. O tipo específico de operação pode variar conforme o tamanho e localização do câncer, com diferentes opções dependendo de ele estar no cólon ou no reto.

Hoje, já existem técnicas minimamente invasivas, que requerem incisões menores e permitem ao paciente se recuperar mais rapidamente. Um exemplo é a videolaparoscopia. A cirurgia robótica avançada também traz maior precisão aos procedimentos.
As operações na região do reto podem afetar a capacidade de evacuação do paciente – o que pode tornar necessária uma colostomia ou ileostomia. Nesses casos, uma abertura do intestino é feita no abdômen para que as fezes possam ser coletadas em uma bolsa que fica no exterior do corpo. Esse procedimento é realizado já durante a cirurgia de remoção do tumor.

A bolsa de colostomia ou ileostomia pode ser provisória ou definitiva. A necessidade de utilizá-la depende da proximidade do tumor em relação ao ânus.

As abordagens cirúrgicas incluem:

  • Polipectomia: remoção dos pólipos, que pode ser realizada já durante uma colonoscopia. Esse tipo de procedimento é indicado para cânceres precoces e de baixo risco;
  • Dissecção ou ressecção endoscópica: quando não é possível fazer a remoção apenas com uma polipectomia, outros procedimentos endoscópicos podem ser alternativas pouco invasivas para tratar o problema. Nesse procedimento, também feito com ajuda de colonoscopia, a câmera e os instrumentos miniaturizados são inseridos através do reto, poupando o paciente de incisões na pele;
  • Proctectomia ou Colectomia: nessa cirurgia, porções do reto ou do cólon afetados pelo câncer, bem como os linfonodos ao redor, são removidos. Cirurgias reconstrutivas para reconectar as partes remanescentes do cólon e do reto podem ser empregadas posteriormente ou na própria operação original, conforme o caso;
  • Radioterapia intraoperatória (IORT): nesse caso, um procedimento semelhante à radioterapia é feito durante a própria cirurgia, de modo a atacar um tumor que esteja se espalhando para além da região colorretal. Esse procedimento cirúrgico específico permite o uso de uma dose mais forte e direcionada de radiação contra o tumor do que na radioterapia típica. Saiba mais;
  • Metastectomia: cirurgia realizada em outros órgãos – como pulmão, fígado, ovários ou linfonodos – quando há necessidade, para remover tumores que surgiram por metástase de um câncer colorretal. A necessidade e viabilidade desses procedimentos deve ser avaliada com a equipe médica, de acordo com o estágio do câncer e o estado de saúde geral do paciente, entre outras questões;
  • Cirurgia citorredutora peritoneal: esta operação visa remover todos os tumores visíveis no peritônio – a membrana de revestimento dos órgãos do abdômen;
  • Quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC): este tratamento pode ser empregado junto da cirurgia citorredutora peritoneal. Nesse caso, uma solução de medicamentos quimioterápicos aquecida é introduzida na cavidade peritoneal, para remover lesões e células cancerígenas restantes após a operação. Saiba mais.
Radioterapia

Uma dose direcionada de radiação é aplicada sobre o tumor. Em casos de câncer colorretal, ela pode ser utilizada também antes da cirurgia, buscando reduzir o tamanho do tumor e a área a ser removida cirurgicamente. Não é comum utilizar radioterapia para tratar câncer localizado no cólon. Em casos de câncer retal, o uso é mais frequente. Saiba mais.

Quimioterapia

Medicamentos específicos são empregados contra as células cancerígenas. O tipo de fármaco depende das características do câncer. Saiba mais.

Crioablação e ablação por micro-ondas

Nessas técnicas, o objetivo é destruir as células cancerígenas, respectivamente, aplicando frio ou calor extremos e direcionados. Na crioablação, uma sonda é inserida na região do tumor e resfriada a temperaturas baixíssimas para congelar e matar as células. Na ablação por micro-ondas, é feito um processo oposto, utilizando as ondas para aquecer as células e destruí-las.

Terapia-alvo

Nessa abordagem, são empregados fármacos especificamente elaborados para interromper ou retardar o desenvolvimento de um câncer. Eles fazem isso tendo como alvo moléculas que fazem o tumor crescer (como proteínas) ou os próprios genes relacionados ao câncer, conforme o caso. Saiba mais.

Imunoterapia

Nesse modelo de tratamento, o próprio sistema imunológico do paciente é utilizado contra o câncer. Para isso, ele pode ser estimulado a encontrar e atacar células cancerígenas, o que em alguns casos pode envolver o uso de células do próprio sistema imune. Atualmente, dois tipos de imunoterapia são empregados para o tratamento de câncer colorretal: os inibidores de ponto de verificação imunológicos, que reforçam o trabalho do sistema imune do paciente; e os anticorpos monoclonais, que atacam células cancerígenas visando marcadores específicos, ou melhoram a capacidade do organismo de combater o câncer. Saiba mais.

Inibidores de angiogênese

Alguns tipos de câncer, como o colorretal, podem se desenvolver mais rapidamente a partir do processo de angiogênese, nome dado à criação de novos vasos sanguíneos. Esses vasos abastecem o tumor, favorecendo seu crescimento. A terapia com inibidores de angiogênese tem como objetivo dar mais tempo ao paciente enquanto outros tratamentos são realizados, bloqueando ou reduzindo o processo de criação de vasos sanguíneos de modo que o câncer não cresça tão rápido. Saiba mais.

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