Tratamento de Tumores Neuroendócrinos: Opções e Cuidados

O tratamento de tumores neuroendócrinos (TNEs) requer uma abordagem especializada e individualizada, considerando as características únicas destes tumores raros que podem surgir em diferentes partes do corpo. 

Os tumores neuroendócrinos apresentam comportamentos distintos e necessitam de estratégias de tratamento específicas para cada situação clínica.

Antes de falarmos sobre tratamentos, é importante compreender que os tumores neuroendócrinos podem surgir em diferentes partes do corpo, sendo mais comuns no trato gastrointestinal (intestinos e pâncreas) e nos pulmões. Alguns tumores produzem hormônios em excesso (chamados funcionais), causando sintomas específicos, enquanto outros não produzem hormônios (não-funcionais) e podem crescer sem causar sintomas por muito tempo.

Quase todos os tumores neuroendócrinos são considerados malignos, mas isso não significa que sejam todos agressivos. Alguns crescem muito lentamente e podem ser controlados por anos, enquanto outros requerem tratamento mais intensivo. O comportamento do seu tumor depende de fatores como localização, grau de diferenciação, estágio da doença e as condições gerais de saúde do paciente. A experiência da equipe médica é fundamental, uma vez que estes tumores requerem conhecimento especializado para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes.

Vigilância ativa

Para tumores de crescimento lento e assintomáticos, a vigilância ativa representa uma opção válida no tratamento de tumor neuroendócrino. Esta abordagem envolve monitoramento regular através de exames de imagem, análises laboratoriais e avaliações clínicas periódicas, sem intervenção de tratamento imediata.

A vigilância ativa é particularmente apropriada para pessoas idosas ou com comorbidades que tornam outros tratamentos mais arriscados. Durante este período, qualquer sinal de progressão da doença desencadeia a transição para terapias mais ativas, mantendo sempre o foco na qualidade de vida e no bem-estar geral.

Cirurgia

A cirurgia é uma das principais formas de tratar tumores neuroendócrinos, especialmente quando a doença está localizada e não apresentou disseminação. A remoção completa do tumor oferece as melhores chances de cura, sendo preferível sempre que tecnicamente viável e segura.

Mesmo em situações onde a ressecção completa não é possível, a cirurgia de redução tumoral pode proporcionar alívio significativo dos sintomas, principalmente nos tumores funcionais que produzem hormônios em excesso. As técnicas cirúrgicas variam conforme a localização anatômica, podendo incluir procedimentos minimamente invasivos ou abordagens abertas, dependendo da complexidade do caso.

Para tumores no pâncreas, existem diferentes abordagens cirúrgicas. O procedimento de Whipple é usado para tumores na cabeça do pâncreas, envolvendo a remoção desta parte do órgão junto com estruturas próximas. Para tumores no corpo ou cauda do pâncreas, realizamos a pancreatectomia distal. Em alguns casos, é possível fazer apenas a enucleação, removendo só o tumor e preservando o máximo de tecido pancreático saudável possível.

Para tumores no intestino delgado, geralmente é necessária cirurgia aberta (com incisão maior) porque cerca de 30 a 45% dos pacientes têm múltiplos tumores pequenos que só podem ser detectados através do exame direto do intestino durante a cirurgia. Esta experiência especializada é crucial para evitar que tumores sejam deixados para trás.

Quimioterapia

Quando a cirurgia não é possível ou quando o tumor se espalhou, utilizamos tratamentos sistêmicos que agem em todo o corpo. A quimioterapia tradicional funciona atacando células que se dividem rapidamente, incluindo células tumorais. No contexto dos tumores neuroendócrinos, esta modalidade de tratamento pode ser empregada isoladamente ou em combinação com outras terapias, dependendo das características específicas do tumor e da resposta individual do paciente.

Terapia-alvo

As terapias direcionadas representam uma abordagem mais moderna e precisa. Diferentemente da quimioterapia tradicional, estas terapias interferem com moléculas específicas necessárias para a sobrevivência e multiplicação das células cancerosas. Isso resulta frequentemente em menos efeitos colaterais e maior eficácia para o tipo específico de tumor.

Análogos da somatostatina

Os análogos da somatostatina são medicamentos que imitam um hormônio natural do corpo. Inicialmente, eram usados apenas para controlar sintomas em tumores funcionais, mas estudos recentes mostram que também podem retardar o crescimento de tumores não-funcionais. Estes medicamentos são administrados através de injeções regulares e podem proporcionar controle prolongado da doença.

Terapia com radionuclídeos peptídicos

Uma das mais promissoras inovações no tratamento de tumores neuroendócrinos é a terapia com radionuclídeos peptídicos. Esta técnica usa uma substância radioativa combinada com uma proteína que se liga especificamente aos receptores presentes na maioria dos tumores neuroendócrinos.

O medicamento é administrado através de uma veia e viaja pelo corpo até encontrar as células tumorais, onde se liga e entrega radiação diretamente no tumor, poupando os tecidos saudáveis.

Terapias direcionadas ao fígado

Quando os tumores neuroendócrinos se espalham, frequentemente vão para o fígado. As terapias direcionadas ao fígado usam cateteres inseridos através de artérias para entregar tratamentos diretamente nas metástases hepáticas.

Estas técnicas incluem a entrega de quimioterapia concentrada diretamente no fígado, o uso de microesferas radioativas que destroem células tumorais, e procedimentos de ablação que usam calor para destruir tumores. Uma abordagem que preserva tecido é preferida, removendo apenas o tumor e pouco tecido circundante, mantendo a função hepática para futuros tratamentos se necessário.

Radioterapia 

A radioterapia externa utiliza feixes de energia focalizados para destruir células tumorais. Técnicas modernas permitem entrega precisa da radiação, minimizando danos a tecidos adjacentes. Esta modalidade pode ser utilizada isoladamente ou em combinação com outras terapias, dependendo da situação clínica específica.

Fatores que influenciam as decisões terapêuticas

O tratamento de tumores neuroendócrinos requer consideração cuidadosa de múltiplos fatores. A localização primária do tumor, seu grau de diferenciação, estágio da doença e condições gerais de saúde do paciente são elementos fundamentais na escolha da estratégia terapêutica mais adequada.

É importante compreender que não existe uma sequência típica de tratamento para todos os casos. Existem centenas de possibilidades terapêuticas, e cada paciente, juntamente com sua equipe médica, determinará a sequência específica de tratamentos baseada em sua situação clínica particular conforme ela evolui.

Oncologista em São Paulo - Dr. Hugo Tanaka

Dr. Hugo Tanaka
Oncologista Clínico
CRM 163241 | RQE 100689 – Oncologia Clínica

Oncologista clínico e pesquisador atuante em São Paulo, com sólida formação acadêmica que inclui doutorado e mestrado em oncologia clínica e atendimento multidisciplinar.
Especialista certificado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), desenvolve práticas médicas integradas com foco em atendimento humanizado e ágil, sempre baseado em diretrizes internacionais.

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