Síndrome Carcinoide: Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

A síndrome carcinoide é uma condição complexa que pode causar preocupação tanto para quem recebe o diagnóstico quanto para seus familiares. 

Compreender essa síndrome é fundamental para lidar adequadamente com seus sintomas e buscar o tratamento mais apropriado. A síndrome carcinoide representa um conjunto específico de manifestações clínicas que surgem em algumas pessoas diagnosticadas com tumores neuroendócrinos.

O que é a síndrome carcinoide

A síndrome carcinoide desenvolve-se quando uma pessoa possui um tipo específico de câncer conhecido como neoplasia neuroendócrina. Esses tumores podem se formar em diferentes partes do corpo, incluindo o trato digestivo, pulmões ou outras regiões anatômicas. O aspecto mais preocupante é que, em alguns casos, essas neoplasias podem se espalhar para outras áreas do organismo.

É importante destacar que nem todas as neoplasias neuroendócrinas causam síndrome carcinoide. Na maioria dos casos, essa condição manifesta-se quando um câncer que teve origem no intestino delgado se espalha especificamente para o fígado. O mecanismo por trás dessa síndrome está relacionado à capacidade das neoplasias neuroendócrinas de produzir hormônios e outras substâncias químicas. Quando o câncer atinge o fígado, essas substâncias conseguem entrar diretamente na corrente sanguínea, circulando pelo corpo inteiro e provocando os sintomas característicos.

Principais sintomas da síndrome carcinoide

Os sintomas podem variar significativamente entre diferentes pessoas, mas existem manifestações mais comuns que merecem atenção especial.

O rubor representa o sintoma mais frequente da síndrome carcinoide. Durante esses episódios, a pele da pessoa fica visivelmente vermelha ou roxa e apresenta sensação de calor. Geralmente, essa vermelhidão aparece no rosto, pescoço ou parte superior do tórax. Os episódios de rubor começam de forma súbita e podem durar entre 30 segundos até 30 minutos. Algumas vezes acontecem sem qualquer aviso, mas também podem ser desencadeados por fatores específicos como ingestão de determinados alimentos, consumo de álcool, evacuação, situações de estresse ou procedimentos cirúrgicos.

Outro sinal característico são as telangiectasias, pequenas veias dilatadas que aparecem como listras ou manchas roxas na pele. Essas lesões costumam surgir principalmente no nariz, bochechas ou região do buço.

A diarreia aquosa e sem presença de sangue também é comum, assim como chiado no peito ou dificuldade respiratória. Esses sintomas respiratórios podem causar desconforto significativo e impactar a qualidade de vida.

Em alguns casos mais complexos, as neoplasias neuroendócrinas podem provocar uma condição específica chamada doença cardíaca carcinoide, que afeta diretamente as válvulas do coração. Embora nem sempre cause sintomas perceptíveis, quando presentes, podem incluir inchaço nas pernas, dificuldade para respirar ou sensação constante de cansaço.

Diagnóstico da síndrome carcinoide

O diagnóstico adequado requer uma avaliação médica completa e diversos exames específicos. O profissional de saúde realizará um exame físico detalhado e solicitará testes para confirmar a presença da síndrome carcinoide e localizar possíveis neoplasias neuroendócrinas no organismo.

Os exames de urina representam uma ferramenta diagnóstica fundamental. O paciente precisa coletar toda a urina produzida durante um período de 24 horas, sendo este o exame mais utilizado para verificar se os sintomas são realmente causados pela síndrome carcinoide.

Exames de sangue complementam a investigação, fornecendo informações adicionais sobre o funcionamento do organismo. Os exames de imagem, como tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas, criam imagens detalhadas do interior do corpo. Alguns exames mais especializados envolvem a injeção de substâncias especiais nas veias, permitindo capturar imagens mais precisas para localizar o câncer responsável pelos sintomas.

A endoscopia permite ao médico examinar diretamente o interior do estômago e a primeira porção do intestino delgado. Durante esse procedimento, um tubo fino equipado com câmera e luz é inserido pela boca até alcançar o estômago.

O ecocardiograma utiliza ondas sonoras para criar imagens do coração em funcionamento, sendo essencial para avaliar possíveis complicações cardíacas.

Opções de tratamento disponíveis

O tratamento varia conforme os sintomas apresentados, localização do câncer e extensão do comprometimento corporal. Existem medicamentos específicos para controlar os sintomas, incluindo drogas que bloqueiam a produção de hormônios responsáveis pelas manifestações clínicas e medicamentos antidiarreicos.

Outros tratamentos focam na remoção ou redução dos tumores, diminuindo a produção das substâncias problemáticas. A cirurgia pode remover total ou parcialmente o câncer. A terapia de ablação mata células cancerígenas no fígado sem necessidade de cirurgia, utilizando frio extremo, calor, micro-ondas, lasers ou radioterapia.

A embolização bloqueia o suprimento sanguíneo do câncer, impedindo seu crescimento. Esse procedimento pode ser combinado com quimioterapia ou radiação. A quimioterapia utiliza medicamentos que matam células cancerígenas ou impedem seu crescimento, enquanto a terapia direcionada emprega medicamentos específicos para cânceres com características particulares.

Para casos com doença cardíaca carcinoide, pode ser necessária cirurgia para substituição de válvulas cardíacas comprometidas. O Lutécio Lu 177-Dotatato representa uma opção moderna que aplica radiação diretamente no tumor através de administração intravenosa.

Cuidados pessoais e acompanhamento

O acompanhamento médico regular é fundamental para o sucesso do tratamento. Todas as consultas agendadas devem ser mantidas, mesmo quando os sintomas parecem estar sob controle. Os exames de rotina permitem que os médicos monitorem a progressão da doença e ajustem o tratamento conforme necessário.

É essencial relatar qualquer mudança nos sintomas, mesmo as que parecem pequenas. Novos sintomas, intensificação dos existentes ou efeitos colaterais dos medicamentos devem ser comunicados imediatamente à equipe médica. Essa comunicação permite ajustes rápidos no tratamento, melhorando significativamente a qualidade de vida.

A comunicação aberta com a equipe médica sobre efeitos colaterais e preocupações durante o tratamento é essencial. Cada pessoa responde diferentemente aos tratamentos, e sua experiência pessoal é valiosa para orientar as decisões médicas.

Sempre que uma nova opção de tratamento for apresentada, faça perguntas importantes: quais são os benefícios esperados, incluindo melhora na qualidade de vida e possível extensão da sobrevida? Quais efeitos colaterais podem ocorrer e como podem ser gerenciados? Existem alternativas terapêuticas disponíveis? Quais são as consequências de não realizar o tratamento proposto?

Viver com síndrome carcinoide afeta não apenas o paciente, mas também familiares e cuidadores. Buscar grupos de apoio, seja presencialmente ou online, pode oferecer suporte emocional valioso e troca de experiências práticas com outras pessoas na mesma situação.

O apoio psicológico profissional também pode ser benéfico, especialmente durante períodos de ajuste ao diagnóstico ou mudanças no tratamento. Manter conexões sociais e atividades prazerosas, dentro das limitações impostas pela condição, contribui significativamente para o bem-estar geral.

Oncologista em São Paulo - Dr. Hugo Tanaka

Dr. Hugo Tanaka
Oncologista Clínico
CRM 163241 | RQE 100689 – Oncologia Clínica

Oncologista clínico e pesquisador atuante em São Paulo, com sólida formação acadêmica que inclui doutorado e mestrado em oncologia clínica e atendimento multidisciplinar.
Especialista certificado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), desenvolve práticas médicas integradas com foco em atendimento humanizado e ágil, sempre baseado em diretrizes internacionais.

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