Com evolução lenta e remoção facilitada por cirurgia, tumor tem altíssimas taxas de sobrevida nos casos sem metástase
A próstata é uma glândula localizada logo abaixo da bexiga, presente apenas em indivíduos do sexo masculino. O câncer de próstata ocorre quando células malignas começam a se reproduzir de forma descontrolada nessa parte do corpo.
Esse tumor em geral se desenvolve em pessoas idosas e, por normalmente ter uma progressão lenta, nem sempre exige tratamento. No entanto, ele também pode aparecer de forma precoce e apresentar um risco de metástase (quando o câncer se espalha para outros órgãos), o que demanda abordagens diferenciadas.
Em condições normais, a função da próstata é produzir um fluido que ajuda tanto na movimentação dos espermatozoides quanto em sua proteção frente à acidez vaginal, contribuindo para a saúde reprodutiva masculina.
Esse tipo de câncer frequentemente evolui de forma assintomática nos estágios iniciais. Quanto os sintomas aparecem, eles podem incluir um ou mais dos seguintes problemas:
Em caso de metástase, podem surgir sintomas como dor contínua nos ossos, que geralmente se manifesta na parte inferior das costas e na região pélvica, além do quadril e das coxas.
Aspectos que aumentam o risco de desenvolver um câncer na comparação com a média da população incluem:
Por padrão, exames de rastreio para o câncer de próstata costumam ser iniciados por volta dos 50 anos. Alguns pacientes com risco elevado de desenvolver esse tumor têm recomendação para iniciar o monitoramento mais cedo, em geral, aos 40 anos – isso ocorre, em particular, com aqueles que têm histórico familiar da doença.
Exames utilizados para monitorar a saúde do paciente e diagnosticar um câncer de próstata incluem:
O câncer de próstata tem seus graus calculados a partir do chamado Escore de Gleason, que avalia as células obtidas na biópsia quanto a características encontradas em relação ao tamanho, forma e agressividade.
O grau 1 é aquele em que as células são bem diferenciadas e menos agressivas, chegando ao grau 5, quando as células formam grandes massas que podem invadir órgãos vizinhos – ou seja, mais agressivas. Células típicas de câncer vão do grau 3 ao 5.
A graduação definitiva do câncer, porém, é uma soma dos dois graus mais comuns encontrados na biópsia, rendendo um escore de Gleason que obrigatoriamente oscilará até 10. Por exemplo, se o tipo mais comum de célula na amostra for de grau 3 e o segundo tipo mais comum for de grau 4, o escore será de 7.
Quanto mais alto esse escore, maior a tendência de crescimento do câncer e a probabilidade que ele se dissemine para outros órgãos. Em geral, cânceres de baixo risco são aqueles com escore até 6, de risco intermediário na faixa de 7 e, quando o escore Gleason vai de 8 a 10, trata-se do câncer mais agressivo, com cerca de 75% de chances de atingir outros órgãos em até 10 anos.
Mas nenhum fator deve ser considerado isoladamente. Um prognóstico mais preciso deve levar em conta a combinação do escore com aspectos como idade e níveis de PSA.
A melhor abordagem para o câncer de próstata depende de diferentes fatores, entre eles a idade e saúde geral do paciente e o grau do tumor. Só o seu médico pode avaliar a melhor opção para o seu caso, inclusive não indicando tratamento específico em um primeiro momento, optando por monitorar o quadro.
Dependendo do caso, o médico vai indicar a realização de uma cirurgia de remoção (parcial ou total) da próstata, conhecida como prostatectomia. O procedimento tem boas chances de eliminar um câncer sem metástase, mas pode render sequelas como disfunção erétil e incontinência urinária. No caso da prostatectomia total (também chamada de radical), os dois procedimentos mais usados são a cirurgia aberta, em que é feita uma incisão no abdômen para a remoção da glândula e tecidos anexos, ou uma prostatectomia por laparoscopia, minimamente invasiva, em que a operação é feita com pequenas incisões e ajuda de vídeo – nesse caso, também pode ser empregado o auxílio de robôs para maior precisão e redução dos riscos colaterais.
Nesse tratamento, utiliza-se radiação de forma direcionada para matar as células associadas ao câncer. Diferentes tipos de radioterapia podem ser empregadas para o câncer de próstata, conforme avaliação médica (saiba mais). Há menos chance de desenvolver incontinência urinária do que na cirurgia, mas ainda pode ocorrer disfunção erétil.
Medicações que bloqueiam a ação ou reduzem os níveis de testosterona podem ser indicadas em algumas situações, como uma forma de ganhar tempo no tratamento. Elas ajudam a diminuir o tamanho do tumor e retardar seu crescimento, mas não representam uma cura definitiva. O médico deve ser consultado sobre essa alternativa e os efeitos colaterais possíveis.
Embora não costume figurar entre as primeiras opções de tratamento para o câncer de próstata, a quimioterapia é uma alternativa em situações de metástase ou recorrência do tumor. Nesse tratamento, fármacos específicos são empregados para combater as células tumorais malignas (saiba mais).
Tipo de terapia que usa o isótopo Lutécio-177 (ou Lu-177) de forma dirigida contra células cancerígenas. Além de tratamentos para câncer na próstata, ele também é empregado em tumores neuroendócrinos. No caso da próstata, o Lu-177 é ligado à proteína PSMA (muito presente na superfície das células do câncer de próstata) e injetado no corpo do paciente – o objetivo é que o medicamento à base de lutécio se conecte aos receptores de PSMA existentes nas células tumorais.
Em casos de tumores menores e localizados, uma alternativa a ser considerada é a crioterapia, em que se busca congelar e matar as células cancerígenas com o uso de temperaturas extremamente baixas aplicadas na região de interesse.
Nessa técnica, as células cancerígenas são atacadas com o uso de um ultrassom de alta intensidade, que eleva a temperatura de modo a eliminá-las. Algumas exigências para optar por esse meio incluem: o tumor deve ser localizado, visível em ressonância magnética e deve estar em estágios iniciais, com risco baixo a intermediário.
Para o câncer de próstata, uma terapia-alvo possível inclui o uso de inibidores de PARP. As enzimas PARP, ou poli(ADP)-ribose polimerase, são proteínas responsáveis por reparar o DNA danificado. Embora isso seja positivo em situações normais, num caso em que as células cancerígenas têm alterações nos genes de reparo de DNA pode ser interessante bloquear a ação das PARP, de modo a melhorar o prognóstico do quadro. O médico deve solicitar avaliações específicas para determinar se a terapia-alvo pode ajudar no seu caso, e ela deve ser complementar a outras terapêuticas.
Nesse modelo de tratamento, o próprio sistema imunológico do paciente é utilizado contra o câncer. Para isso, ele pode ser estimulado a encontrar e atacar células cancerígenas, o que em alguns casos pode envolver o uso de células do próprio sistema imune que passaram por engenharia em laboratório para fazer esse trabalho de forma mais eficiente (saiba mais).
Por precaução, pacientes diagnosticados com câncer de próstata devem seguir monitorando os níveis de PSA ao menos uma vez por ano, mesmo quando a glândula foi removida e há remissão prolongada.