Tipos de câncer

Câncer de Próstata

Com evolução lenta e remoção facilitada por cirurgia, tumor tem altíssimas taxas de sobrevida nos casos sem metástase

A próstata é uma glândula localizada logo abaixo da bexiga, presente apenas em indivíduos do sexo masculino. O câncer de próstata ocorre quando células malignas começam a se reproduzir de forma descontrolada nessa parte do corpo.

Esse tumor em geral se desenvolve em pessoas idosas e, por normalmente ter uma progressão lenta, nem sempre exige tratamento. No entanto, ele também pode aparecer de forma precoce e apresentar um risco de metástase (quando o câncer se espalha para outros órgãos), o que demanda abordagens diferenciadas.

Em condições normais, a função da próstata é produzir um fluido que ajuda tanto na movimentação dos espermatozoides quanto em sua proteção frente à acidez vaginal, contribuindo para a saúde reprodutiva masculina.

Sintomas

Esse tipo de câncer frequentemente evolui de forma assintomática nos estágios iniciais. Quanto os sintomas aparecem, eles podem incluir um ou mais dos seguintes problemas:

  • necessidade frequente de urinar devido ao inchaço da próstata;
  • em paralelo, pode haver dificuldade para eliminar a urina, pela compressão da uretra;
  • presença de sangue na urina e/ou no sêmen;
  • dores abdominais ou lombares;
  • disfunção erétil.

Em caso de metástase, podem surgir sintomas como dor contínua nos ossos, que geralmente se manifesta na parte inferior das costas e na região pélvica, além do quadril e das coxas.

Fatores de risco

Aspectos que aumentam o risco de desenvolver um câncer na comparação com a média da população incluem:

  • Idade: cerca de 9 em cada 10 casos de câncer de próstata ocorrem após os 55 anos;
  • Histórico familiar: a chance de ter esse tumor maligno é maior em pessoas com parentes imediatos, como pais e irmãos, que já sofreram com a doença. O fator de risco é ainda maior se essas pessoas receberam o diagnóstico antes dos 55 anos;
  • Síndromes genéticas e raça: alterações em diferentes genes, como o BRCA1 e o BRCA2, aumentam o risco de ter esse câncer (saiba mais sobre testes genéticos). Pessoas de ascendência africana também têm mais propensão ao câncer de próstata;
  • Alimentação e sedentarismo: dietas ricas em gorduras estão associadas a uma maior chance de desenvolver cânceres em geral. Inclua mais frutas e verduras em sua alimentação para reduzir o risco (saiba mais sobre a importância da dieta) e adote um estilo de vida mais ativo (leia sobre o impacto do exercício na prevenção).

Diagnóstico e prevenção

Por padrão, exames de rastreio para o câncer de próstata costumam ser iniciados por volta dos 50 anos. Alguns pacientes com risco elevado de desenvolver esse tumor têm recomendação para iniciar o monitoramento mais cedo, em geral, aos 40 anos – isso ocorre, em particular, com aqueles que têm histórico familiar da doença.

Exames utilizados para monitorar a saúde do paciente e diagnosticar um câncer de próstata incluem:

  • Exame do toque retal: com luvas e lubrificação, o médico insere um dedo no ânus do paciente para verificar se a glândula apresenta inchaço. O toque é um método simples e imediato de constatar alterações no tamanho da próstata, mas, por si só, não confirma um diagnóstico de câncer;
  • Medições do antígeno prostático (PSA): o PSA é uma proteína produzida nas células da próstata. Esse exame avalia a sua presença em uma amostra de sangue – níveis elevados podem indicar a presença de um tumor. O teste dá um indício, mas não é definitivo, podendo haver um aumento do PSA em função da idade ou de outras condições na glândula, como a prostatite;
  • Exames de imagem: essa técnica menos invasiva busca avaliar com segurança a área da próstata que pode estar sendo acometida pelo tumor. A ideia é tornar uma eventual biópsia mais precisa. Exames que permitem essa visualização incluem a ressonância magnética e o ultrassom transretal, conforme decisão do médico sobre a melhor opção;
  • Biópsia: quando os demais testes indicam uma probabilidade de câncer, o quadro deve ser confirmado com uma biópsia. Nessa técnica, amostras do tecido prostático são coletadas por pequenas agulhas, com aplicação de anestesia local. É importante observar que, em alguns casos, a biópsia pode não encontrar amostras que comprovem a existência do câncer mesmo que ele esteja se desenvolvendo – por isso, é importante seguir monitorando alterações na glândula em exames de rotina;
  • PET-CT PSMA: exame que utiliza tomografia computadorizada e tomografia por emissão de pósitrons de modo a fazer uma “varredura” de corpo inteiro. Ele ajuda a determinar o tamanho do tumor e possíveis metástases, com uma sensibilidade maior do que a ressonância magnética ou a tomografia utilizada isoladamente.
Graus do câncer de próstata e prognóstico

O câncer de próstata tem seus graus calculados a partir do chamado Escore de Gleason, que avalia as células obtidas na biópsia quanto a características encontradas em relação ao tamanho, forma e agressividade.

O grau 1 é aquele em que as células são bem diferenciadas e menos agressivas, chegando ao grau 5, quando as células formam grandes massas que podem invadir órgãos vizinhos – ou seja, mais agressivas. Células típicas de câncer vão do grau 3 ao 5.

A graduação definitiva do câncer, porém, é uma soma dos dois graus mais comuns encontrados na biópsia, rendendo um escore de Gleason que obrigatoriamente oscilará até 10. Por exemplo, se o tipo mais comum de célula na amostra for de grau 3 e o segundo tipo mais comum for de grau 4, o escore será de 7.

Quanto mais alto esse escore, maior a tendência de crescimento do câncer e a probabilidade que ele se dissemine para outros órgãos. Em geral, cânceres de baixo risco são aqueles com escore até 6, de risco intermediário na faixa de 7 e, quando o escore Gleason vai de 8 a 10, trata-se do câncer mais agressivo, com cerca de 75% de chances de atingir outros órgãos em até 10 anos.

Mas nenhum fator deve ser considerado isoladamente. Um prognóstico mais preciso deve levar em conta a combinação do escore com aspectos como idade e níveis de PSA.

Tratamento

A melhor abordagem para o câncer de próstata depende de diferentes fatores, entre eles a idade e saúde geral do paciente e o grau do tumor. Só o seu médico pode avaliar a melhor opção para o seu caso, inclusive não indicando tratamento específico em um primeiro momento, optando por monitorar o quadro.

Cirurgia

Dependendo do caso, o médico vai indicar a realização de uma cirurgia de remoção (parcial ou total) da próstata, conhecida como prostatectomia. O procedimento tem boas chances de eliminar um câncer sem metástase, mas pode render sequelas como disfunção erétil e incontinência urinária. No caso da prostatectomia total (também chamada de radical), os dois procedimentos mais usados são a cirurgia aberta, em que é feita uma incisão no abdômen para a remoção da glândula e tecidos anexos, ou uma prostatectomia por laparoscopia, minimamente invasiva, em que a operação é feita com pequenas incisões e ajuda de vídeo – nesse caso, também pode ser empregado o auxílio de robôs para maior precisão e redução dos riscos colaterais.

Radioterapia

Nesse tratamento, utiliza-se radiação de forma direcionada para matar as células associadas ao câncer. Diferentes tipos de radioterapia podem ser empregadas para o câncer de próstata, conforme avaliação médica (saiba mais). Há menos chance de desenvolver incontinência urinária do que na cirurgia, mas ainda pode ocorrer disfunção erétil.

Bloqueio hormonal

Medicações que bloqueiam a ação ou reduzem os níveis de testosterona podem ser indicadas em algumas situações, como uma forma de ganhar tempo no tratamento. Elas ajudam a diminuir o tamanho do tumor e retardar seu crescimento, mas não representam uma cura definitiva. O médico deve ser consultado sobre essa alternativa e os efeitos colaterais possíveis.

Quimioterapia

Embora não costume figurar entre as primeiras opções de tratamento para o câncer de próstata, a quimioterapia é uma alternativa em situações de metástase ou recorrência do tumor. Nesse tratamento, fármacos específicos são empregados para combater as células tumorais malignas (saiba mais).

Lutécio PSMA

Tipo de terapia que usa o isótopo Lutécio-177 (ou Lu-177) de forma dirigida contra células cancerígenas. Além de tratamentos para câncer na próstata, ele também é empregado em tumores neuroendócrinos. No caso da próstata, o Lu-177 é ligado à proteína PSMA (muito presente na superfície das células do câncer de próstata) e injetado no corpo do paciente – o objetivo é que o medicamento à base de lutécio se conecte aos receptores de PSMA existentes nas células tumorais.

Crioterapia

Em casos de tumores menores e localizados, uma alternativa a ser considerada é a crioterapia, em que se busca congelar e matar as células cancerígenas com o uso de temperaturas extremamente baixas aplicadas na região de interesse.

Ultrassom focalizado

Nessa técnica, as células cancerígenas são atacadas com o uso de um ultrassom de alta intensidade, que eleva a temperatura de modo a eliminá-las. Algumas exigências para optar por esse meio incluem: o tumor deve ser localizado, visível em ressonância magnética e deve estar em estágios iniciais, com risco baixo a intermediário.

Terapia-alvo

Para o câncer de próstata, uma terapia-alvo possível inclui o uso de inibidores de PARP. As enzimas PARP, ou poli(ADP)-ribose polimerase, são proteínas responsáveis por reparar o DNA danificado. Embora isso seja positivo em situações normais, num caso em que as células cancerígenas têm alterações nos genes de reparo de DNA pode ser interessante bloquear a ação das PARP, de modo a melhorar o prognóstico do quadro. O médico deve solicitar avaliações específicas para determinar se a terapia-alvo pode ajudar no seu caso, e ela deve ser complementar a outras terapêuticas.

Imunoterapia

Nesse modelo de tratamento, o próprio sistema imunológico do paciente é utilizado contra o câncer. Para isso, ele pode ser estimulado a encontrar e atacar células cancerígenas, o que em alguns casos pode envolver o uso de células do próprio sistema imune que passaram por engenharia em laboratório para fazer esse trabalho de forma mais eficiente (saiba mais).

Por precaução, pacientes diagnosticados com câncer de próstata devem seguir monitorando os níveis de PSA ao menos uma vez por ano, mesmo quando a glândula foi removida e há remissão prolongada.