Tipos de câncer

Câncer de Mama

Diagnóstico precoce salva vidas Tipo de câncer mais prevalente entre mulheres brasileiras está relacionado a fatores genéticos e hábitos de vida.

O câncer de mama é o que mais incide sobre as mulheres brasileiras de todas as regiões – excetuando-se o câncer de pele não melanoma. A estimativa é de mais de 73 mil novos casos por ano no país.

Grávidas também podem desenvolver câncer de mama: nesse caso, os tratamentos devem ser ajustados de acordo com a fase da gestação.

Homens também desenvolvem câncer de mama, embora em menor taxa. A estimativa é de que 1% dos casos da doença ocorram neste grupo.

Embora fatores genéticos estejam associados ao desenvolvimento de câncer de mama, outras circunstâncias, como a idade e os hábitos de vida, entram em conta como influências da doença.

Tipos de câncer de mama

A grande maioria dos cânceres de mama diagnosticados são carcinomas – em geral, os tumores começam nos ductos lactíferos (tubos que levam leite para o mamilo) ou nos lóbulos (glândulas que produzem leite) da mama.

O câncer de mama é categorizado de acordo com o local onde ele se desenvolve, se é invasivo ou não, e o tipo de receptor molecular das células cancerosas.

Invasivo ou não invasivo

No caso de câncer de mama nos ductos lactíferos, ele é considerado invasivo quando se espalha para os tecidos ao redor da estrutura. O carcinoma não invasivo nos ductos, também chamado de carcinoma ductal in situ, é considerado o estágio mais inicial de câncer de mama. Às vezes, não provoca sintomas nessa fase.

O carcinoma lobular é o segundo mais comum de câncer de mama, cerca de 10% a 15% dos cânceres de mama ocorrem nos lóbulos e o restante nos ductos. Esse tipo de câncer nos lóbulos é invasivo quando atinge os tecidos próximos ou os linfonodos. O carcinoma lobular invasivo não costuma desenvolver nódulos, mas causar inchaço nos seios. Esse câncer se desenvolve vagarosamente e acarreta maior chance de recorrência.

O carcinoma lobular não invasivo, também conhecido como carcinoma lobular in situ, é menos comum, mas aumenta o risco de desenvolver outros tipos de câncer de mama.

Os tipos de câncer de mama

O câncer de mama começa nos tecidos mamários, composto de lobos e ductos, suas unidades funcionais. Cada seio tem de 15 a 20 seções chamadas lobos, que se ramificam em seções menores também chamadas lóbulos. Os lóbulos terminam em dezenas de pequenos bulbos que podem produzir leite. Os lobos, lóbulos e bulbos são ligados por tubos finos chamados ductos.

Tipo de receptor molecular das células cancerosas

O câncer de mama também é classificado com o tipo de receptor que pode ser identificado na superfície das células do tumor. Ao mapear esses receptores, é possível empregar medicações que atingem especificamente as células cancerosas.

Há três principais tipos de receptores presentes nas células de câncer de mama:

  • HER2-positivo: de 15% a 20% dos cânceres de mama apresentam o receptor para a proteína HER2 nas suas células. Essa proteína incentiva o crescimento celular, e provoca o aumento do tumor;
  • Receptor hormonal/ER-positivo: estes receptores são os mais comuns em células cancerosas na mama. Os receptores, nesse caso, se conectam ao estrogênio e à progesterona, hormônios naturalmente presentes no organismo. Os hormônios incentivam o crescimento do tumor. A terapia hormonal pode ser usada como tratamento para este caso, pois ela pode limitar a produção desses hormônios ou impedir que esses receptores os reconheçam. Isso interrompe ou reduz a progressão da doença;
  • Triplo negativo: o câncer de mama recebe esta classificação quando nenhum dos receptores moleculares conhecidos (HER2, progesterona ou estrogênio) é detectado nas células do tumor. É o tipo de câncer mais difícil de tratar – e tende a ser mais agressivo. Cerca de 15% dos tumores de mama se encaixam nessa categoria. A taxa de recorrência é alta. Esse tipo de câncer de mama é mais comum em mulheres com menos de 50 anos, e ocorre com mais frequência em mulheres negras.
Outros tipos de câncer de mama

Existem ainda outros tipos de câncer de mama. O inflamatório é um tipo agressivo de câncer de mama que causa um bloqueio nos vasos linfáticos. Em vez de formar um nódulo, esse tipo de câncer gera inchaço e vermelhidão nos seios. O câncer de mama inflamatório costuma ser detectado em pessoas mais jovens do que os tipos não inflamatórios.

Existe também o câncer de mama que afeta homens, geralmente identificado mais tardiamente devido à falta de conscientização da doença entre o público masculino. Em geral, 90% dos tumores de mama em homens são receptores hormonais positivos, enquanto cerca de 9% são ambos, receptores hormonais e HER2-positivo. Os sinais e o tratamento são semelhantes ao do câncer em mulheres.

O câncer de mama metaplásico representa menos de 1% dos diagnósticos, começa nos ductos lactíferos e se espalha rapidamente. Em exames diagnósticos de imagem, pode parecer semelhante a outros tipos de câncer de mama. É uma espécie agressiva e que gera maior chance de metástases e recorrências. A maioria dos tumores metaplásicos é do tipo triplo negativo, em relação aos receptores ou HER2-positivo do que o câncer de mama não inflamatório. É comumente associado ao carcinoma de células ductais invasivo.

Outro tipo raro de câncer de mama é chamado de doença de Paget: é um carcinoma no ducto lactífero que invade a pele do mamilo, podendo causar erupção cutânea ou descamação do mamilo que pode se espalhar para a aréola. Esse tipo soma de 1 a 4% dos diagnósticos.

Quando o câncer de mama avança para outros órgãos além da mama e dos gânglios linfáticos próximos, é considerado metastático, ou câncer de mama em estágio IV. Embora a doença possa ser encontrada em outros órgãos – ossos, cérebro, pulmões e fígado – ela ainda é considerada e tratada como câncer de mama.

Sintomas

A maioria dos diagnósticos de câncer de mama é realizada a partir dos exames de rastreamento de rotina. Alguns sintomas, no entanto, podem gerar alerta e devem motivar uma visita ao médico.

O câncer de mama pode provocar sintomas como:

  • Presença de um nódulo, uma massa ou caroço na mama – os caroços costumam ser duros, indolores e de formato irregular;
  • Nódulos na região da axila;
  • Mudança no aspecto da pele das mamas: vermelhidão, espessamento da pele, textura franzida;
  • Secreção de líquido pelos mamilos – em geral, transparente, mas pode ser rosado ou avermelhado. Pode ocorrer em apenas um ou em ambas as mamas;
  • Descamação da pele do mamilo e da aréola;
  • Inversão do mamilo;
  • Dor e sensibilidade nas mamas;
  • Inchaço nas mamas.

O câncer de mama inflamatório pode causar sintomas semelhantes aos da mastite – inflamação que pode ocorrer durante a amamentação ou ser causada por infecções. Dor, inchaço, vermelhidão e febre podem aparecer. Caso os sintomas não se resolvam com uso de medicações, é importante investigar a suspeita de câncer de mama.

A doença de Paget pode também ser confundida com eczema ou dermatite, porque gera sensação de queimação no mamilo, mudanças na pele como descamação e espessamento, bem como coceira.

Para homens, é importante estar atento a sintomas como dor no peito, vermelhidão, mudança no tamanho ou formato do peito.

Fatores de risco

A incidência do câncer de mama aumenta com a idade: a maior parte dos casos é diagnosticada após os 50 anos. Outro importante fator de risco é o histórico familiar e a presença de mutações genéticas.

A principal mutação genética herdada associada ao câncer de mama são os genes BRCA1 e BRCA2. Em um organismo saudável, esses genes são responsáveis por reparar o DNA quando danificado. Quando há mutações nesses genes, não é possível consertar o DNA danificado, o que pode gerar câncer de mama e de ovário.

Para mulheres com gene BRCA positivo, os exames de rastreio para câncer de mama devem começar aos 25 anos. Uma mastectomia bilateral pode ser adotada como medida preventiva.

Existem ainda outras mutações genéticas relacionadas às neoplasias de mama, como PALB2, CHEK2 e PTEN.

Alguns dos fatores de risco para os tumores de mama são:

  • Menstruação precoce (antes dos 12 anos);
  • Histórico familiar de câncer de mama, de pâncreas ou de ovário, de estômago (este último é associado ao câncer de mama invasivo lobular);
  • Mutações somáticas não herdadas, como a do gene CDH1 (que aumenta o risco para câncer de mama invasivo lobular);
  • Não ter engravidado antes dos 30 anos;
  • Ter um diagnóstico anterior de câncer de mama;
  • Ter realizado tratamento radioterápico na região do peito: os benefícios desses tratamentos de radiação anteriores, no entanto, superam em muito os riscos;
  • Obesidade;
  • Consumir álcool;
  • Fazer terapia de reposição hormonal;
  • Ter tecido mamário denso;
  • Síndrome de Li-Fraumeni;
  • Síndrome de Cowden (causada por uma mutação no gene PTEN, localizado no braço longo do cromossoma 10);
  • Síndrome de Klinefelter (em pessoas do sexo masculino);
  • Homens afro-americanos têm maior risco de câncer de mama masculino do que homens brancos não hispânicos.

Diagnóstico e prevenção

Embora o autoexame seja uma medida preventiva ao câncer de mama bastante divulgada, o mais importante para detectar precocemente nódulos nas mamas é se familiarizar com a anatomia dos seus próprios seios. Assim, é possível notar qualquer diferença na pele ou a presença de uma massa.

Em uma consulta de rotina, o médico deve examinar as mamas manualmente – checando tanto as mamas quanto a região das axilas para detectar nódulos e mudanças na pele.

A mamografia é o exame de imagem mais utilizado para o diagnóstico de câncer de mama, e funciona como um raio-x. Há a possibilidade de uma mamografia com contraste para identificar alguns tipos de câncer de mama. Um ultrassom ou uma ressonância magnética também podem ser empregados no processo diagnóstico.

Além desses, há a tomossíntese, o Oncotype DX e o PET FES. A tomossíntese (aparelho semelhante a um mamógrafo) aumenta em pelo menos 30% as chances de identificação de cânceres, especialmente os tumores invasivos em mamas densas e heterogêneas. A visualização é 3D, sendo muito mais detalhada.

Já o Oncotype DX é indicado para pacientes com câncer de mama HER2- R2 em estágio inicial. Ajuda a identificar as pacientes que se beneficiarão da quimioterapia e de que dose, tornando o tratamento mais personalizado. O fluoroestradiol (FES) é um marcador usado no exame de PET-TC para auxiliar no diagnóstico de tumores pequenos e com metabolismo baixo, não detectados no PET-TC habitual.
Uma biópsia também pode ser solicitada. Existem quatro tipos de biópsia usados para verificar o câncer de mama:

  • Biópsia excisional: onde há a remoção de um nódulo inteiro de tecido;
  • Biópsia incisional: apenas parte de um nódulo ou de uma amostra de tecido é retirada para análise;
  • Biópsia de núcleo: remove-se tecido usando uma agulha larga;
  • Biópsia por aspiração por agulha fina (PAAF): a retirada de tecido ou fluido é feita usando uma agulha fina.

Geralmente os pacientes passam por uma biópsia por agulha guiada por imagem, onde uma amostra do tecido da mama é retirada para ser avaliada sob um microscópio. O exame serve para confirmar a presença de células cancerosas.

De maneira geral, mudanças no estilo de vida que podem diminuir o risco de câncer de mama são evitar o álcool e o tabaco, realizar atividade física regular, e manter uma dieta balanceada e nutritiva. Amamentar por pelo menos seis meses também diminui a chance de desenvolver câncer de mama.

Em situações em que alterações genéticas são detectadas, como a do gene BRCA, uma mastectomia preventiva pode ser indicada para evitar o desenvolvimento de câncer de mama.

Tratamento

O câncer de mama é tratado principalmente com cirurgia e frequentemente combinado com quimioterapia, radioterapia ou ambos. Também pode incluir outras opções de tratamento, como terapia direcionada, imunoterapia, terapia de prótons, inibidores de angiogênese e os inibidores de ciclina.

Cirurgia

A cirurgia pode ser uma mastectomia total, em que toda a glândula mamária é retirada, ou uma cirurgia conservadora, em que apenas o tumor é removido. Este segundo tipo é chamado de lumpectomia, quando apenas o tumor e uma pequena quantidade de tecido normal circundante são removidos. Geralmente, é indicada para tumores pequenos e tem recuperação mais rápida.

Alguns tipos de câncer de mama, como o inflamatório, exigem a mastectomia total. Quando ambas as mamas são removidas, a cirurgia é chamada de mastectomia dupla. Quando há presença de mutação nos genes BRCA, a mastectomia dupla pode ser empregada inclusive como forma de prevenção ao câncer de mama.

Os linfonodos próximos às mamas também podem ser removidos na cirurgia. A avaliação para cirurgia de reconstrução da mama, com ou sem uso de implante de silicone, pode ser feita concomitantemente à preparação para a mastectomia – mas nem sempre a reconstrução pode ser realizada já na operação de retirada das mamas.

Quimioterapia

A quimioterapia pode ser utilizada tanto antes quanto depois da cirurgia.

Quando aplicada antes da remoção das mamas, a quimioterapia serve para diminuir o tumor e os linfonodos afetados. Depois da mastectomia, a quimioterapia atua para eliminar as células cancerosas remanescentes no organismo.

Em casos de câncer metastático, a quimioterapia também pode ser empregada para controlar o crescimento do câncer ou aliviar a dor do paciente. Para o câncer de mama, a quimioterapia pode ser aplicada intravenosa ou oralmente.

Radioterapia

A radioterapia pode ser combinada com a cirurgia e a quimioterapia. Também funciona como tratamento pré ou pós-cirúrgico. Raios energizados de fótons são aplicados para destruir as células cancerosas.

Dependendo da extensão do câncer – ou seja, se atingiu ou não os linfonodos, e qual foi o resultado da cirurgia –, a radioterapia pode durar de uma a seis semanas de tratamento.

Em casos de metástase, a radioterapia pode fazer parte dos tratamentos paliativos. A terapia por feixe de prótons, tipo mais preciso de radioterapia, é efetiva contra o câncer de mama – e pode preservar melhor os tecidos saudáveis da mama.

Terapia-alvo

A terapia-alvo é um caminho bastante utilizado para combater o câncer de mama. Em casos de câncer de mama positivos para receptores hormonais, a terapia endócrina pode ser empregada para bloquear o estrogênio do corpo – assim, impedindo o crescimento do tumor.

As terapias focadas nos receptores hormonais podem seguir sendo utilizadas após a cirurgia, para prevenir a recorrência do tumor, ou em casos metastáticos, para diminuir o crescimento.

O câncer de mama HER2-positivo também se beneficia das chamadas terapias direcionadas, antes e depois da cirurgia. A terapia endócrina também é usada nos casos HER2-positivo já que cerca de metade das pacientes também têm tumores positivos para receptores hormonais. Para o câncer de mama triplo-negativo, os pesquisadores estão estudando a doença para identificar possíveis alvos para terapias direcionadas.

O ramo das imunoterapias também dispõe de alternativas efetivas para tratar o câncer de mama. Os medicamentos inibidores de checkpoint ajudam o sistema imunológico a seguir trabalhando para combater o câncer, ao potencializar o efeito das células T no organismo.

Outra medicação utilizada no tratamento do câncer de mama são os inibidores de angiogênese. Esse tipo de droga não elimina o câncer, mas impede que novos vasos sanguíneos sejam criados em torno do tumor.