Fumar e consumir álcool são fatores de risco importantes para o desenvolvimento da doença
O câncer de boca pode acometer várias estruturas da cavidade oral: a língua, os lábios, as gengivas, as glândulas salivares, as bochechas, o palato, o assoalho bucal e a região posterior ao último dente molar.
A maior parte dos cânceres orais afeta as células escamosas, que fazem parte do epitélio da mucosa oral. O câncer de boca é incluído em um grupo chamado de “cânceres da cabeça e pescoço”, que engloba as doenças que ocorrem nesta região do corpo.
Existem outros tipos de câncer de boca, como tumores de glândulas salivares, que não são carcinomas de células escamosas e que se desenvolvem mais profundamente no tecido. A maioria se forma a partir de células mucoepidermoides, que revestem as glândulas salivares menores.
No Brasil, são estimados 15 mil novos casos de câncer da cavidade oral por ano. A maioria é diagnosticada em homens.
Os sintomas do câncer oral podem ser confundidos com outras condições que acometem os órgãos da boca. Por isso, consulte um médico caso note qualquer anormalidade, e faça consultas regulares ao dentista.
Alguns dos sinais que podem indicar câncer de boca são:
O câncer oral é mais comum em homens e costuma ser diagnosticado após os 45 anos.
Os fatores de risco para desenvolver a doença são:
Como não existe política de rastreamento generalizada para o câncer de boca no Brasil, os casos são diagnosticados a partir da avaliação médica de sintomas suspeitos. O diagnóstico precoce garante melhores chances de recuperação: procure um médico sempre que notar lesões ou dores incomuns e vá ao dentista ao menos uma vez por ano.
Exames de imagem – como tomografias computadorizadas, tomografia por emissão de pósitrons (PET), ressonância magnética, endoscopia, raio-x dental e ultrassons – podem ser solicitados para avaliar a localização e extensão do tumor.
Testes específicos para a cavidade oral podem utilizar contraste para garantir uma visualização melhor do tumor. Os mais conhecidos são:
Depois dos exames clínicos e de imagem, o paciente pode ser encaminhado para realizar uma biópsia para confirmar a malignidade da lesão. De acordo com a localização do tumor ou lesão, a biópsia pode ser feita em ambiente ambulatorial, com uso de anestesia local. A biópsia para alguns tipos de lesão pode ser feita com esfregaço com uma escova com cerdas duras (biópsia esfoliativa) ou com uma agulha fina (biópsia por aspiração com agulha fina). Em alguns casos, porém, pode ser necessária uma biópsia cirúrgica sob anestesia geral.
Caso o câncer seja detectado, outros exames, como testes de hormônios, podem ser requisitados, já que o tratamento pode afetar glândulas endócrinas da cabeça e pescoço.
Além de ficar atento a quaisquer sintomas, as principais medidas para prevenir o câncer de boca são evitar o uso de substâncias que aumentam o risco para a doença, como o tabaco, o álcool e o betel. Manter uma dieta saudável e utilizar proteção solar também são formas de diminuir o risco do câncer.
Para determinar o estágio do câncer de boca, o médico deve examinar algumas características da doença: a extensão do tumor; a presença ou não de células cancerosas nos linfonodos; e se há metástase em órgãos distantes.
O prognóstico é avaliado mais de uma vez durante o processo de diagnóstico e de tratamento. A avaliação inicial costuma ser feita antes de qualquer tratamento, e a segunda avaliação deve ser feita após a cirurgia, para verificar o acometimento dos linfonodos e o tamanho do câncer residual.
Os tumores podem se manifestar de diferentes maneiras. No estágio 0, também chamado de carcinoma in situ, as células anormais costumam ser medidas em centímetros (cm) ou polegadas.
Para ilustrar o tamanho dos tumores, alguns alimentos populares podem servir como referência, entre eles: as ervilhas (1 cm), os amendoins (2 cm), as uvas (3 cm), as nozes (4 cm), os limões (5 cm ou 2 polegadas), os ovos (6 cm), os pêssegos (7 cm) e as toranjas (10 cm ou 4 polegadas).
No estágio 1, quando o câncer já está formado, os tumores são medidos em centímetros (cm) ou milímetros (mm), geralmente apresentando medidas inferiores a 2 cm. Nesses casos, os itens utilizados para representar o seu tamanho incluem; pontas de lápis afiadas (1 mm), pontas de giz de cera novas (2 mm), borrachas de ponta de lápis (5 mm), ervilhas (10 mm), amendoins (20 mm) e limas (50 mm).
Em relação ao tumor, o câncer oral pode ser classificado em alguns estágios:
Nos primeiros cinco anos após o tratamento, exames devem ser feitos diversas vezes ao ano para verificar se há recorrência do câncer. Depois de cinco anos sem recorrência, uma bateria de exames anuais passa a ser suficiente.
Desde o diagnóstico, o tratamento do câncer oral requer uma equipe multidisciplinar. Alguns dos profissionais que devem acompanhar o paciente são: oncologistas, otorrinolaringologistas, dentistas, cirurgiões, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos.
A linha de tratamento mais frequente para o câncer oral é a cirurgia. O objetivo da operação pode ser remover a lesão cancerígena, mas também incluir a remoção de linfonodos com invasão tumoral.
Durante a cirurgia para câncer oral, cirurgiões trabalham em colaboração com patologistas, que utilizam técnicas especializadas para examinar os tecidos removidos e assegurar que o câncer foi completamente erradicado. Essa análise imediata é crucial para determinar a extensão do câncer, a área a ser removida e orientar decisões intraoperatórias. Em alguns casos, cirurgiões plásticos podem estar junto na sala de operação para realizar a reconstrução da área afetada, auxiliando na restauração da função e estética local. Em cirurgias que afetam áreas próximas à garganta, pode ser necessário também o apoio de profissionais para restaurar a função da fala e da deglutição, garantindo uma recuperação mais completa e funcional do paciente. Ou seja, é essencial a presença de uma equipe multidisciplinar na sala de cirurgia.
Alguns cânceres de boca são considerados inoperáveis quando a cirurgia traria sequelas muito limitantes à capacidade funcional do paciente. Quando a operação pode ser feita, o trabalho de remoção do câncer pode ser complementado por cirurgias plásticas para preservar a função da região oral ou reconstruir uma estrutura afetada.
Há diferentes formas de realizar essa cirurgia. Podem ser removidos todos os linfonodos de uma área, ou a cirurgia pode ser seletiva, conforme a gravidade da doença. Um dos tipos de cirurgia seletiva é chamado de biópsia de sentinela: primeiro, um exame com contraste radioativo e marcadores é feito para determinar quais linfonodos são mais afetados pelo tumor; esses linfonodos podem ser retirados.
Depois do processo cirúrgico, a radioterapia costuma ser empregada para eliminar células cancerosas restantes. Existem diferentes formas de aplicar a radiação no tumor.
Os tipos mais recomendados para o tratamento do câncer oral são:
A radioterapia, assim como a quimioterapia, é uma das linhas de tratamento possíveis para casos inoperáveis. Essas terapêuticas funcionam como tratamentos paliativos, para aliviar sintomas de cânceres metastáticos.
De acordo com o estágio do câncer oral, a quimioterapia pode ser indicada mesmo antes da cirurgia para controlar o crescimento do tumor. Os quimioterápicos também podem ser administrados após a cirurgia e em conjunto com a radioterapia.
A combinação de drogas quimioterápicas é ajustada a depender do estágio do câncer, da velocidade de evolução da doença e do tipo de câncer.
Os remédios que funcionam como terapia-alvo visam diminuir o crescimento do câncer ao atingir moléculas específicas nas células cancerosas. Para o câncer oral, a terapia-alvo é usada apenas para tratar doença metastática.
A imunoterapia tem o objetivo de fortalecer as defesas imunológicas do corpo, que trabalham para eliminar o câncer. É utilizada para tratar o câncer oral metastático ou recorrente.
No caso do câncer oral, o tipo de imunoterapia predominante são os inibidores de checkpoint imunológico.
Os checkpoints imunológicos funcionam como um “interruptor de segurança” do sistema imune, que previne respostas imunológicas excessivas, que poderiam destruir células saudáveis. A imunoterapia impede que esse interruptor desligue, mantendo o combate das células imunes contra o câncer.